O Público publica hoje uma entrevista com o provedor da RTP, Paquete de Oliveira. Na edição impressa a entrevista surge no cabeçalho do jornal com o título “Paquete de Oliveira o ex-provedor da RTP critica poder político que se intromete na televisão do Estado”.
Porém, na edição online, disponível apenas para assinantes, o título da entrevista é outro: “Os partidos e o Governo têm muita culpa pelo que fazem da RTP” .
Lendo a entrevista não se encontra nela a afirmação contida na capa da edição impressa, verificando-se que diz precisamente o contrário. Encontra-se sim a frase do título da edição online. Veja-se o que diz o provedor:
“Nunca constatei nem tenho qualquer testemunho para comprovar interferências. Nas reuniões que tinha (com a direcção de informação) quase me juravam a pés juntos que não havia interferência. Quer se queira, quer não, a RTP tem marcado no seu ADN um estigma por ser a televisão do Estado, de ser a televisão da voz do dono. Quer esteja o governo amarelo, azul, verde, será sempre assim (…) Nem sequer é, em quantidade, que a presença de ministros ou secretários de Estado seja maior na RTP do que numa SIC ou noutros canais”.
A não ser que existam partes não publicadas da entrevista onde a “crítica ao poder político por se intrometer” na RTP se encontre, trata-se de um erro lamentável, inesperado num jornal como o Público. Os leitores, o provedor e a RTP mereciam melhor.
Este tipo de erros torna-se particularmente grave quando surge na capa de uma publicação pelo facto de a edição impressa ser exposta em bancas e locais públicos aí permanecendo dias inteiros, sendo lida não apenas por quem a compra mas por quem se detém para ler apenas os títulos.
Acresce que mesmo que esses erros sejam depois rectificados (o que já não é mau) a rectificação quase nunca tem o mesmo destaque e não é lida pelas mesmas pessoas que pararam para ler a capa sem comprarem o jornal.
Acontece também que a crítica atribuída ao provedor, precisamente por ser polémica e visar o “poder político” possui todos os “ingredientes” para vir a ser citada, analisada, inserida em artigos de opinião, retomada como arma de arremesso por agentes políticos, enfim, vai ganhar vida própria, transformando-se em “verdade” indiscutível.
Seria bom que os responsáveis editoriais pensassem nisso…
Esperem pelo próximo provedor… Uma verdadeira nulidade, profissional e pessoalmente!
Erro lamentável!? Peço desculpa, mas não se trata de um erro, mas de uma frase colocada propositadamente, para os efeitos pretendidos pelo jornalista ou editor ou o dono do Público ou seja lá quem for! Infelizmente, é o que se vê todos os dias na comunicação social! Independentes? Pois, pois…