António Barreto, sociólogo, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), coordenador da PORDATA, base de dados do Portugal Contemporâneo, dá este sábado uma entrevista ao jornal i. A dada altura da entrevista, a jornalista pergunta-lhe:
“(…) E agora estamos pressionados para pagar essa dívida, uma vez mais pressionados pelo imediato. E para onde vamos?
Acho que o país inteiro está a pensar nisso. O país está desesperado, as pessoas estão aflitas. E não tem nada a ver com apoiar ou não apoiar… Isto é, as pessoas que estão contra o actual governo e as actuais políticas e as pessoas que são a favor do governo e das actuais políticas, por razões, eventualmente, ligeiramente diferentes, ou motivos pessoais diferentes – porque uns estão à vontade e outros não estão –, estão todas elas num estado de aflição, de inquietação. O que quer dizer que toda a gente está a pensar. Infelizmente, as pessoas não estão a receber toda a informação, que deveria ser constante, permanente, honesta e séria, nos jornais, nas rádios, nas televisões…
O que é que acha que as pessoas não sabem?
Ainda ninguém sabe porque é que a dívida teve esta evolução nestes cinco anos. Foi graças a quê? Quais são as responsabilidades? Foi o comércio externo, foi a produção de bens, foi a imigração, foi a emigração, foi a fuga de fundos, foi a corrupção, foi a fuga ao fisco, foram as off-shores, foi a especulação financeira, foi a bolha imobiliária, foi a falta de crédito? (…)”
António Barreto não esclarece na entrevista quem é que não está a fornecer “toda a informação” às pessoas e porque é que os jornais, rádios e televisões não a fornecem.
Ora, António Barreto é presidente de uma Fundação dedicada precisamente à recolha, organização e divulgação de informação sobre Portugal, que tem como fontes um conjunto de entidades oficiais detentoras de praticamente toda a informação sobre o país e à qual, aliás, não falta dinheiro, dado ser financiada por um dos empresários portugueses de maior sucesso – Soares dos Santos, presidente do grupo Jerónimo Martins.
Seria, pois, muito útil que as perguntas do presidente da FFMS pudessem ser respondidas pela própria FFMS. Os jornais, as rádios e as televisões não deixariam certamente de lhes dar cobertura.
O que não falta, aliás, são investigadores habilitados a recolher e tratar os dados que António Barreto (e todos nós) gostaríamos de conhecer.
Aqui fica, pois a sugestão.
Se A.Barreto pretendia fazer pedagogia e/ou declarações relevantes não conseguiu nem uma coisa nem outra,dado que se limita tão só a interrogações para as quais o próprio não tem resposta.Quanto aos objetivos a atingir cem por cento de acordo.Aliàs a estratégia já não é nova.
Excelente questão, meu caro Nobre Correia, a segunda hipótese parece a mais certeira, pelo menos em Portugal.
Os gurus procuram fazer pedagogia para que as pessoas compreendam a sociedade em que vivem ou querem apenas fazer declarações mais ou menos estrondosos para se porem em bicos dos pés e se porem em evidência nos média ?…
Bem observado, Estrela. Os media já são como os governos: têm as costas largas!