A notícia sobre a vida amorosa do ministro Miguel Relvas publicada hoje pelo Correio da Manhã, com chamada de capa, constitui um acto de devassa da vida privada do ministro. Como tal, merece reprovação do ponto de vista das regras éticas e deontológicas que regem a actividade jornalística.
O facto de Relvas se encontrar debaixo de fogo em virtude dos casos em que se encontra envolvido – ligações ao ex-espião Silva Carvalho, jornal Público e licenciatura – não legitima que a sua vida privada e a das pessoas com quem tem ou teve relações próximas seja trazida a público, para mais, acompanhada de detalhes, como o local onde reside e a data em que “saíu de casa”.
O conteúdo da notícia do Correio da Manhã não possui qualquer relação com a actividade política de Miguel Relvas ou com a sua condição de membro do governo, pelo que não se reveste de um interesse público que possa justificar a sua publicação. Nem o facto de a alegada companheira do ministro ser assessora do chefe do governo a justifica.
A Constituição da República Portuguesa confere dignidade constitucional a vários direitos de personalidade, entre os quais se inclui o direito à reserva da intimidade da vida privada e familiar.
É certo que o âmbito da protecção depende, em certa medida, da qualidade da pessoa visada e que a exposição no espaço público tem limites mais amplos quanto maior for a notoriedade do visado. Mas não é a curiosidade alheia que justifica a violação de direitos fundamentais de políticos, governantes e outras figuras públicas, mas sim a existência de um interesse público sério e atendível na revelação de determinados factos que, neste caso, não se verifica.
Ainda que a notícia possa ter uma leitura “benévola”, isto é, ainda que possa ser encarada como uma tentativa do jornal de “humanização” e “reabilitação” da figura do ministro Miguel Relvas, não deixa de ser um acto reprovável à luz das regras que norteiam o jornalismo.
Quero lá saber das paixões do dito. O “Correio da Manhã” podia era fazer uma reportagem era sobre quem odeia o fulano. Dava pano para mangas.
Creio que a ideia é mesmo, como diz, humanizar e reabilitar o ogre. Simultaneamente, o pasquim do Barbosa pretende passar uma imagem de isenção, fingindo que não seleccionam calculisticamente os personagens a quem devassam a intimidade. No fundo, o que esse folheto publicitário está a tentar fazer é: Embrulhar toda a polémica que envolve o vigarista num bolo, de forma que pareça perseguição mediática.
É fácil, é barato, desvia as atenções e, desculpem o pretensiosismo,…funciona com as massas.
Quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras. É um ditado já antigo.
Tem toda a razão. Mas do “Correio da Manhã” que se pode esperar ?
Se a Lusófona e Relvas não se saiem bem do processo da licenciatura,não é menos verdade que este pasquim não se sai melhor ao publicar estas coscuvilhices.
No doubt about this.
É importantissimo não perder o discernimento… para não ajudar a afundar a democracia.
Obrigado.