Os “senadores” do PSD querem a demissão da administração da RTP: Marques Mendes afirma-o abertamente, Marcelo Rebelo de Sousa subtilmente. E porquê? Porque a administração da RTP veio publicamente defender a empresa e os compromissos assumidos com o governo e dirigiu uma comunicação interna aos trabalhadores, esclarecendo-os sobre o que está em causa quanto à real situação financeira da empresa.
Compreende-se a estupefacção dos senadores. Não é vulgar, em Portugal, os gestores das empresas públicas tomarem posição quando são desautorizados pela tutela quanto a compromissos acordados, como também é raro serem demitidos quando não cumprem os planos de gestão das respectivas empresas. Alguns só quando antevêem mudança de governo, se comportam como os ratos em situação de naufrágio e são os primeiros a abandonar o barco.
Vejamos os factos: depois de muitos meses de desestabilização da RTP através de declarações contraditórias proferidas pelo ministro da tutela sobre o futuro da empresa e dos seus trabalhadores – ora privatiza um canal, ora outro, ora tem publicidade, ora não tem – o ministro Relvas assinou com a administração da empresa, em finais de 2011, um Plano de Sustentabilidade Económica e Financeira (PSEF). Das reuniões e discussões havidas com a tutela, nessa e noutras ocasiões, nada transpirou da parte da administração da RTP, (só agora se veio a saber pelo comunicado do conselho de administração que o modelo da concessão a um privado lhe fora apresentado e dele discordara) o que significa que foi cumprido pela administração o dever de lealdade e de sigilo para com a sua tutela. Dos órgãos da empresa, apenas a Comissão de Trabalhadores, no seu direito legítimo de defesa dos trabalhadores e da empresa, e o Conselho de Opinião, através de relatórios periódicos previstos na lei, se têm manifestado publicamente sobre a situação da empresa.
Se alguém desrespeitou a ética e quebrou a relação de confiança que deve existir entre uma empresa pública e a sua tutela foi esta última, ao fazer tábua rasa de um plano negociado com a empresa e, sem qualquer informação a esta, enviar um consultor a uma televisão anunciar como “muito interessante” um outro plano que, ainda por cima, “plagia” as contas que constam do plano acordado em 2011 com a administração da empresa.
Como se não bastasse, o próprio ministro manda o seu gabinete comentar aos jornais que o modelo da concessão a um privado é muito “atraente”, sem fazer qualquer referência ao acordo estabelecido com a administração da empresa.
A reacção dos senadores do PSD ao comunicado da administração da RTP é, pois, reveladora da noção que têm do papel de um gestor público. O respeito pelas suas competências, que incluem o cumprimento dos compromissos assumidos com o Estado e a defesa da empresa que lhe incumbe gerir, é para eles pura ficção.
Quem não cumpriu o compromisso assumido com a assinatura do Plano de Sustentabilidade Financeira foi, pois, o ministro da tutela.
Demissão? Sim, a do ministro, porque a administração da RTP dignificou e reabilitou a imagem do gestor público, ao defender a empresa e os compromissos assumidos.
Pingback: RTP: uma mensagem oportuna contra as campanhas mentirosas | VAI E VEM
Análise inteligente com a qual concordo na sua totalidade.
cara estrela, causa me espanto tamanha discussão, esse serviço dito publico tem prestado vassalagem e tem servido os interesses de quem lá passa. acabei de ouvir um pseudo jornalista do sol a sibilar sobre as eleições em angola, o homem encharcado em calor, mentindo sonegadamente sobre o ambiente em angola. é triste que a rtp esteja ao serviço de angola, já vimos o mesmo comportamento aquando do golpe de estado na Guiné e muita cobertura dada ao aspirante a ditador carlos gomes jr( filho do José Eduardo dos santos), distorcendo factos até a indecência( um ex: refere se em relação ao dito senhor como “primeiro ministro deposto” quando todos sabemos dos requisitos para um candidato a presidente num sistema baseado na separação de poderes), neste momento é uma estação completamente vassalo do José Eduardo dos santos e os seus petrodólares, por mim bem podem privatizar e encher os bolsos de qualquer Chico esperto, instrumentos passivos como esse devem ser extintos, por custarem e por promoverem ditadores da treta,mesmo considerando os dólares dessa ditadura, dólares esses que o povo não vê. até mais.
Com a aplicação do Plano é que dá lucro.
Então com a empresa a dar lucro, é necessário “Um plano de sustentabilidade Economica e Financeira”? Há para aí trafulhices mal contadas.