Nestas novas histórias de swaps que se vão sabendo quase todos os dias, o que mais se estranha já nem são as mentiras da ministra Maria Luís mas o descaramento que parece ter-se apoderado dos governantes, seguros de que tudo lhes é permitido dada a impunidade de que beneficiam.
Os média têm feito o seu papel de descoberta e divulgação de situações mais que duvidosas, como é o caso do artigo da revista Visão publicado ontem, referindo a tentativa de venda ao governo anterior de swaps para mascarar o déficite, pelo actual secretário do Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, quando era Market Manager do Citibank.
O primeiro-ministro e o Presidente da República permanecem indiferentes perante revelações como esta, como se não fossem responsáveis pelo apodrecimento da situação em que se encontra a ministra das finanças e agora também este membro da sua equipa, escolhido a dedo por ela.
Hoje, nos já famosos briefings do secretário de Estado Pedro Lomba, Pais Jorge foi explicar-se perante os jornalistas, que só podiam fazer três perguntas (ao que dizem as notícias). Mas o atrapalhado secretário de Estado meteu os pés pelas mãos e nem foi capaz de descrever as funções que desempenhava. Não se lembra de nada em concreto sobre a tentativa de venda dos swaps ao governo anterior mas pela descrição que fez obviamente o seu papel era vender o que desse lucro ao banco que o empregava.
Dizer, como disse que “a conceção, elaboração ou negociação de produtos derivados” nunca foram da sua competência” é deitar poeira nos olhos dos portugueses. Se nas funções que exercia, de relações com os clientes, não conhecia os produtos que lhes apresentava para que os comprassem, era incompetente.
Ouvindo o secretário de Estado e lendo o que se escreveu na altura da sua nomeação, percebe-se melhor porque razão a ministra das finanças o escolheu. Especialista em swaps e em “mascarar déficites” será muito útil à ministra e ao governo. Para já, mostrou que não fica atrás da ministra na arte da não-resposta às questões que lhe são colocadas.
Perante tudo o que é conhecido e confirmado sobre as omissões e mentiras que rodeiam a actuação da ministra das Finanças e do seu secretário de Estado em matéria de swaps, o governo começa a ter um problema ético inultrapassável.
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Pelos vistos não era. Como o director-adjunto do Expresso, Nicolau Santos, explicou à SIC, quem sabia tudo sobre swaps eram os bancos e os seus agentes, entre os quaos Pais Jorge. O resto, digo eu, políticos incluídos, foram uns “tótós” nas mãos de especuladores financeiros.
Na primeira página do Expresso: “Swap mais tóxico foi aprovado por Costa Pina”. Já em relação ao ex-secretário de estado de Sócrates não se pode dizer que fosse propriamente um especialista em swaps
Nessa altura só os “especialistas” como Pais Jorge e Maria Luís sabiam o que eram os swaps…
A questão é que em 2009, o senhor cuja credibilidade estava comprometida pela tentativa de venda de swaps a Sócrates em 2005, integrou os quadros de uma empresa pública. Na vigência do governo do mesmo Sócrates que rejeitou os swaps. Aí, o “problema ético inultrapassável” não se colocou porquê?
havia sim, o homem é “especialista em PPPs” e foi o que se viu!
É claro que quando o senhor estava na Estradas de Portugal, na altura das PPP de Sócrates, já não havia qualquer problema de credibilidade para os socráticos.