O discurso oficial em Bruxelas e Lisboa, adoptado por grande parte dos media, é o da inevitabilidade da austeridade e do empobrecimento do País. Esse discurso traduz-se nas intervenções de membros do governo e dos partidos da coligação. Os seus porta-vozes mais notórios são, no governo, o próprio primeiro-ministro e a ministra Finanças, do lado do PSD, Marco António Costa, equilibrado do lado do CDS, por Pires de Lima, ministro da Economia, mais militante até do que Paulo Portas.
Nos media, o discurso oficial traduz-se na reprodução acrítica das declarações das figuras acima referidas e na veiculação de recados de fontes anónimas vindas da troika, através dos correspondentes em Bruxelas.
O discurso da pobreza e da austeridade como condição natural e fatal do povo português foi ultimamente teorizado por Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque, o primeiro, por ocasião da sua reeleição para líder do PSD – “o país não voltará” aos “níveis de riqueza ilusória” de “antes da crise em 2011” – a segunda, em entrevista à TVI -“Portugal não voltará ao que era. Essa realidade já não existe”. Este discurso é veiculado sem contraditório, como uma verdade única e inelutável.
E assim o discurso da pobreza como destino dos portugueses vai fazendo o seu caminho sem que do lado da esquerda, em particular do PS, surja um discurso alternativo, limitando-se a esquerda a reagir às declarações do governo e da troika, o que não faz senão multiplicá-las. De facto, quer o PS quer aqueles que à esquerda o criticam, não conseguiram ainda “descolar” do discurso governamental e “troikano” e passarem a uma fase afirmativa e dizerem “como farão” se e quando forem governo.
É certo que o PS tem avançado com críticas pontuais às políticas governamentais e feito mesmo propostas, por exemplo, para tornar menos doloroso o orçamento de Estado, medidas que a maioria sempre ou quase sempre recusou. Mas então porque ganha peso na opinião pública a ideia de que não há alternativa à política imposta pela troika?
Ou será que falta à esquerda um líder capaz de, como em tempos dizia Mário Soares, “começar sozinho no Rossio e chegar ao Marquês com uma multidão”?
O que falta afinal à esquerda, um líder ou uma política?
Pingback: A disputa pela liderança do PS não é nenhum drama | VAI E VEM
A política precisa de políticas. Nisso dos rostos andamos nós a esgotar-nos há muito, sem que se tenha ido particularmente longe. Depois, é mais fácil achar políticas alternativas, a que os jornais dessem atenção (em vez de, por exemplo, ter atirado os críticos da adesão euro para o caixote do lixo dos líricos desajustados, mas que afinal eram quem tinha razão) do que carinhas larocas que entusiasmem.
Miolos. Receio que seja miolos.
Sim, Antónimo, mas na era mediática, a política precisa de rostos…
Obviamente uma política. Para líderes até há costas, correias de campos, vitais moreiras, assises e outros, como os blairs, os schroeders, os hollandes, a malta dos tratados tão porreiros, pá. Já para políticas bem parecem querer seguir a destes que lá estão.
IDEIAS E PROPOSTAS HÁ , o que não há é uma comunicação social independente do poder politico, logo só e transmitido aquilo que ao poder e seus apoiantes deixam passar !!!!!!!!
há noticias que nunca viram a luz do dia até aparecerem na net, será que os média TVs não tiveram acesso ???? OBVIO QUE SIM !!!
… obviamente, um líder! O programa político é sempre secundário. Não deveria ser assim… Mas é…
Falta-nos um grande lider.
De tão descrente direi apenas,falta-nos uma poltíca e um lider.