O segredo de justiça ainda é o que era

No dia 21 de Janeiro passado, os jornais escreviam que “O inquérito aos trágicos acontecimentos na praia do Meco, onde seis estudantes da Universidade Lusófona perderam a vida, passou a estar sob segredo de Justiça por determinação da Procuradoria-Geral da República, tendo também mudado de mãos.”

À margem do “segredo,” jornais e televisões, noticiaram que  o “dux foi ouvido na Polícia Judiciária durante cerca de 12 horas e que  negou qualquer praxe e manteve a primeira versão dos acontecimentos. João Gouveia disse que foram à praia naquela noite para conviver e negou ter obrigado qualquer uma das vítimas a entrar no mar durante um ritual de praxe.

Entretanto, a TVI avançou na investigação com testemunhos de duas amigas de uma das vítimas e a RTP falou com a pessoa que encontrou o corpo de um dos estudantes afogado, que  mostrou à repórter a fotografia do cadáver que segundo esta desmente a versão posta a correr de que os estudantes estariam com os tornozelos  amarrados com fita adesiva.

A RTP afirmou que não mostrará a fotografia do cadáver porque é “impressionante”. Espera-se  que se existirem outras fotografias dos corpos elas também não sejam  exibidas nas televisões ou nos jornais, sejam ou não consideradas “impressionantes”. É que também na morte o  ser humano tem direito à imagem.

O “segredo de justiça” deu o resultado esperado: à conta dele, alguém vai pingando para os media as partes que lhe interessam que sejam conhecidas. É um segredo…do polichinelo, não se sabendo a quem interessa e o que  há para esconder…

Os jornalistas vão construindo a outra parte da história … léguas à frente da justiça e a marcarem-lhe o caminho.

Esta entrada foi publicada em imagens, Jornalismo, Justiça, Sociologia dos Média, Televisão. ligação permanente.

Uma resposta a O segredo de justiça ainda é o que era

  1. Manuel@ diz:

    Já nos séculos XVlll e XlX a praxe foi proibida na academia de Coimbra, dados os crimes então ocorridos em seu nome e que redundaram em várias mortes. Isto é, históricamente,indesmentível. Que ocorram praxes em Coimbra, é um anacronismo decrépito,triste e contra a lei, senão agora em vigor, há muito tida como necessária. Que ocorram praxes fora de Coimbra,nem se comenta a indigência, o atraso, a basbaquice…. A pelintragem ignara devia aproveitar os ócios do álcool para apanhar ar fresco nas fauces, e não aborrecer quem tem outro estilo de vida!

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.