“Se medidas importantes que permitem poupanças do lado dos salários não tiverem conformidade constitucional, novos aumentos de impostos ocorrerão”
Estas palavras do primeiro-ministro são toda uma narrativa sobre o seu pensamento político. O primeiro-ministro anseia governar sem a fiscalização da conformidade das leis com a Constituição da República. Nisso não se distingue de um vulgar ditador.
É bom que saiba que a “ansiedade” e a “angústia” que as decisões do Tribunal Constitucional lhe causam são a esperança que resta a muitos portugueses de que a legalidade será reposta perante uma governação arbitrária e sem respeito pelos cidadãos.
A ameaça de que voltará a aumentar impostos se o Tribunal Constitucional não assinar de cruz os cortes inconstitucionais que inscreveu no orçamento de Estado é um gesto de falta de respeito pelos portugueses e por um órgão eleito pela Assembleia da República.
Nada que espante num primeiro-ministro para quem a palavra “compromissos” tem apenas um sentido: “compromissos” para com os credores externos. O primeiro-ministro não conhece compromissos para com os portugueses, a quem engana todos os dias com despudor e impunidade.
Estamos contentes com a “saída limpa”, senhor primeiro-ministro. Mas estaríamos ainda mais contentes se o governo não “limpasse” também as nossas algibeiras.
A maior alegria que a grande maioria dos portugueses poderiam ter
seria o anúncio da demissão deste governinho que, para além dos
tiques ditatorias suportados por uma maioria de deputados acríticos
e obedientes à voz do dono, já revelou toda a sua incapacidade para
reverter a situação em que o País foi levado pela sua actuação que,
vem desde os tempos em que eram oposição!!!