A cobertura jornalística da campanha eleitoral é da exclusiva responsabilidade dos jornalistas. Não há sobre isso qualquer dúvida. Ninguém obriga os jornalistas a andarem atrás dos candidatos de microfone em punho e câmara de televisão ao ombro à procura do primeiro dichote de um candidato ou da primeira escaramuça que um outro consiga provocar.
Os “casos” da campanha que têm marcado a cobertura jornalistica são mais da responsabilidade de quem os reporta do que de quem os provoca. Porque quem os provoca, os políticos, sabem que eles lhes dão visibilidade, atentas as lógicas de funcionamento dos media. Escusam pois de se queixarem uns dos outros.
Experimentem os jornalistas em próximas campanhas (esta está perdida) não ficarem cativos das acções de campanha, sejam arruadas ou comícios, jantares ou visitas a lares de terceira idade. Experimentem criar uma agenda temática com conteúdos relevantes para a vida dos cidadãos e confrontarem os candidatos com soluções e iniciativas.
Sejam eleições para o parlamento europeu ou para o parlamento nacional é inaceitável que a cobertura das campanhas se cinja à mascarada a que temos assistido com a guerrilha verbal entre candidatos do PSD e do CDS de um lado, e do PS de outro.
Mais insólito e revelador da indigência política e intelectual a que chegou o discurso eleitoral é ainda o facto de o grande protagonista desta campanha, o alvo privilegiado do ataque dos candidatos da maioria governamental ser José Sócrates, o fantasma que atormenta Portas e Rangel. Bastou saber-se que Sócrates vai surgir na campanha para fazer saltar a “tampa” à Aliança Portugal.
Seria pois importante que os jornalistas cumprissem as suas funções e perguntassem aos candidatos alguma coisa substantiva em vez de se limitarem a segui-los e a colocar-lhes o microfone à frente da boca à espera do soundbite que sair.
Uma campanha eleitoral não é um casting para a escolha do melhor palhaço. Se os candidatos não têm nada para dizer aos cidadãos sobre como pensam exercer as funções para as quais pretendem ser eleitos, que ao menos os jornalistas os confrontem com essa realidade.
E o palhaço é…… Pela primeira vez na minha vida não votarei. Estou cansada deste circo, porque dos circos a sério eu aprecio. Partilho na íntegra a opinião de Estrela Serrano.