“(…) é preciso que “compreendam” que o que o Governo fez nos últimos três anos “não foi porque a troika impôs”, mas sim porque “era preciso tirar o país da emergência”. (Passos Coelho no conselho nacional do PSD)
Já tínhamos “compreendido” que a troika tem “as costas largas”, embora não seja flor que se cheire. E não acreditávamos na teoria do protectorado invocada pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas para justificar a austeridade . Essa teoria era, sabíamos, uma mistificação. Portas vai ter dizer aos portugueses porque razão mentiu e se escondeu atrás da troika ou então desmentir o primeiro-ministro.
Não foi a troika que obrigou o governo a destruir milhares de empregos e a empurrar para a falência centenas de pequenas e médias empresas. Não foi a troika que obrigou o governo a cortar pensões e vencimentos a funcionários públicos. Não foi a troika que obrigou o governo a fazer o “ernorme aumento de impostos”. Não foi a troika que obrigou milhares a jovens a deixarem o País.
Com a sua “confissão” ao conselho nacional do PSD desta quarta-feira, o primeiro-ministro disse, sem se dar conta disso, que havia e há alternativa às suas politicas de empobrecimento do País. A troika, naturalmente, sabe disso. Por isso não obrigou, nem podia obrigar, o governo a seguir o caminho que seguiu. Havia e há outros caminhos.
Ainda bem que Passos Coelho se “confessou”. O desastre sofrido nas europeias deu-lhe motivo para o acto de contrição. Mais vale tarde que nunca. Falta agora o seu parceiro de coligação retratar-se.
Tem toda a razão na apreciação que faz a essa afirmação do Passos Coelho reveladora da sua inclassificável dimensão política; mas o que me custa é que, em nome duma espécie de um “antisocratismo” primário o PS tenha deixado instalar a ideia que o problema do país era mesmo o memorando.