A criação do Novo Banco foi, pode dizer-se, ao nível da comunicação uma operação conseguida. As primeiras páginas dos jornais e as aberturas dos telejornais e dos noticiários radiofónicos citavam as palavras do governador e os comunicados do governo e da Comissão Europeia. As muitas dúvidas suscitadas pela solução encontrada ficaram sem resposta porque o governador do BdP avisou que não respondia a perguntas. O discurso jornalístico não destoou, uma vez mais, do discurso oficial.
É um jornalismo de citação de comunicados e discursos das entidades oficiais: “foram afastadas as incertezas”; “a solução é a que melhor contribui para proteger os contribuintes”; “é preciso transmitir tranquilidade”.
A estratégia do governo de transferir todo o protagonismo e responsabilidade da decisão para o governador do Banco de Portugal surge como uma tentativa do governo de “lavar as mãos” para o caso de as coisas virem a não correr bem. Passos Coelho continuou a banhos e foi Portas a presidir à reunião clandestina do Conselho de Ministros de ontem, domingo. Nada parecia ser com eles.
Analistas da área académica levantam questões a que por agora ninguém responde. O dono do “banco mau”, Ricardo Salgado já veio dizer que aguarda que os ânimos serenem para se pronunciar. Vai ser interessante saber o que tem para dizer.
Quem sabe ainda vamos ver nascer, como no Evangelho, “o bom ladrão”! Terá o “mau ladrão” algum coelho para tirar da cartola?
“As primeiras páginas dos jornais e as aberturas dos telejornais e dos noticiários radiofónicos citavam as palavras do governador e os comunicados do governo e da Comissão Europeia. As muitas dúvidas suscitadas pela solução encontrada ficaram sem resposta”.
Dá impressão que alguém acreditava que a CC faria diferente quando desde o início de tudo isto não passa de caixa de ressonância dos discursos da banca e dos neo-liberais. A C é parte do aparato de propaganda, não era pela CC que a campanha de Carlos Costa soçobraria.