O primeiro-ministro desnorteou os deputados e os repórteres que cobriam esta manhã o debate parlamentar do orçamento ao dizer uma coisa e o seu contrários sobre a reposição dos salários dos funcionários.
Primeiro, num discurso escrito, o PM disse que a reversão será de 20% em 2015 e integral no ano seguinte. Mas mais tarde, de improviso, afirmou que, se for reeleito, irá propor devolver outros 20% em 2016. Paulo Portas, sentado a seu lado, deve ter ficado todo torcido por dentro e a pensar se deve mesmo fazer uma coligação pré-eleitoral com um catavento.
O primeiro-ministro é de facto desconcertante. Valeria a pena colocá-lo sob observação de um especialista em psicologia comportamental que, como se sabe estuda as “interações entre as emoções, pensamentos, comportamento e estados fisiológicos, caracterizando-se por postular a não-existência da mente, tendo uma concepção monista do ser-humano.”
De facto, o primeiro-ministro em certos momentos parece ser acometido por uma espécie de nervoso miudinho que o leva a manifestações verbais desconexas e risadas descontroladas, como aconteceu hoje precisamente durante o debate do orçamento.
É que o primeiro-ministro parece não se ter apercebido imediatamente do que tinha dito e desdito, sobre os salários dos funcionários públicos. Quando tomou consciência disso ainda armou em provocador com uma piada para a oposição do género “isto é que é ser eleitoralista”! Nas bancadas os deputados arregalaram os olhos e os jornalistas duvidavam se tinham ouvido bem.
Ora, este tipo de comportamento do primeiro-ministro não é normal. Ou o primeiro-ministro tem uma faceta de “infantilidade” (como ele gosta de dizer de outros) ou é mesmo um provocador e goza com ele próprio e com os outros, entre os quais com os deputados e com o seu vice Paulo Portas que, aliás, se pôs a jeito desde a demissão irrevogável.
Ter um primeiro-ministro imprevisível e descontrolado que tão depressa diz uma coisa como o seu contrário e que quando questionado sobre a contradição diz que foi “muito claro” e repete uma das duas sem reconhecer que a outra estava errada, é uma sina que nenhum povo merece.
Já era mau o País ter uma ministra das Finanças com um problema de relacionamento com a verdade. Mas ter um primeiro-ministro com problema idêntico, não tanto com a verdade, mas sobretudo com a realidade, é catastrófico!
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