Paulo Dentinho, o novo director de Informação da RTP disse ao jornal electrónico Observador que “Os espaços de comentário político, vistos como “tempo de antena” vão terminar mas isso não significa o fim do debate político na RTP.”
É uma decisão acertada e a questão está bem colocada: “espaços de comentário político vistos como tempo de antena”. É disso que se trata e não de acabar com espaços de debate. Esses, naturalmente, não podem ser confundidos com “tempo de antena”. Neste momento, apenas Morais Sarmento detém um espaço dessa natureza no canal aberto da televisão pública e em horário nobre, o que torna a situação ainda mais gritante dada a ausência de pluralismo em período pré-eleitoral.
A RTP pode ter um papel fundamental na regulação do sector audio-visual, e esta é uma decisão simbólica que pode bem servir de reflexão aos directores das televisões privadas.
O debate político é essencial, incluindo com os actuais detentores de “tempo de antena” na RTP, naTVI e na SIC. Resta saber se eles estariam ou estarão dispostos a participar em espaços de debate, deixando o “conforto” dos espaços de “tempo de antena” sem contraditório que agora detêm.
Porém, tão difícil como eles aceitarem essa mudança será os directores e administradores das televisões privadas prescindirem das audiências que políticos-comentadores como Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes, actuando “a solo”, lhes proporcionam.
Seja como for, a decisão de Paulo Dentinho é, pelo menos, um sinal de que o novo director pretende separar as águas e recolocar a RTP no trilho das televisões públicas europeias.
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em vez de
«Por isso cristo69, ao gostar os programas de MM e MRdeS, fá-lo-á com a língua»,
leia-se
«Por isso, cristo69, ao gostar os programas de MM e MRdeS, fá-lo-á com a língua».
Célia, perca, sim. É forma popular, mas o uso/não uso é mera questão de gosto. Como vermelho/encarnado.
Ao contrário dos “programas que gostamos”, que na realidade quer dizer os programas que degustamos. Gostar aqui é o pouco usado gostar, na acepção de tomar o gosto, tal como o sinónimo degustar.
Por isso cristo69, ao gostar os programas de MM e MRdeS, fá-lo-á com a língua, como se fossem um doce ou um vinho.
Cristo69 já tem metidas no corpinho e no linguajar as marcas da má programação que consome – em “amaricano”, diz-se junk food televisivo.
Não se diz “os programas que gostamos”, diz-se “os programas DE que gostamos”.
É uma espécie de patois vagamente aportuguesado que se fala nos canais lucrativos.
Melhor que se aprendessem as regências dos verbos. Sempre dava mais lustro ao bestunto e evitava achar-se que tempos de antenas travestidos de comentário são “relevâncias”.
Finalmente, uma direcção de informação que parece ter jornalistas dentro (não tenho opinião sobre Portugal, confesso, mas sobre os antecessores, Paulos ferreiras e quejandos, deus nos livre, nem jornalismo, nem cabeça, nem sensibilidade, nem bom senso…)
Gostamos ?! Perca? Que faz aqui o peixe?
Que será “gostar programas”?!
Concordo plenamente com a mensagem deste post, a direita domina os media e sem contraditório. Que a televisão pública contribua para a diversidade dos espaços de debate.
Caro cristof9: Cá em casa, percas, só conhecemos as do Nilo. Daí o continuarmos na senda da irrelevancia (sic).
Bom senso, finalmente. Agora, se se conseguisse acabar com o Marcelo e o Marques Mendes, que só vendem banha da cobra, a higiene audio-visual agradece. Não percebo como é que alguém consente que existam espaços de comentário político dominados por figuras políticas isoladas, sem debate. Isto dos Marcelos e Mendes “mastigarem” a actualidade para a darem pronta a digerir às massas que não querem perder um pouco do seu tempo a pensar pela própria cabeça é muito perigoso.
Desde que não nos tirem a possibilidade de ver os programas que gostamos(estilo do Marcelo e MM), não virá mal ao mundo de que a RTP continue na senda da irrelevancia e perca de audiencias.