“José Reis, juiz desembargador que votou contra a declaração de especial complexidade do processo Operação Marquês, garante, após analisar todo o processo e o que constava dos autos, que “em momento algum [quando foi detido], o recorrente [José Sócrates] foi confrontado com quaisquer factos ou indícios concretos suscetíveis de integrar o crime de corrupção”.
O juiz do Tribunal da Relação de Lisboa revela que o antigo primeiro-ministro foi apenas confrontado com “interpretações e deduções”. “Afirma-se e está subjacente que tudo é contrapartida (indevida, claro) de ‘atos do governo’, mas não se descreve um único desses atos que permita estabelecer conexão indiciária entre os mesmos e os avultados montantes dados à estampa”, garante José Reis na declaração de voto.
Na opinião do magistrado, a acusação de um crime precedente de branqueamento de capitais apresenta-se “manifestamente incompleto dada a total ausência de descrição de indícios factuais que eventualmente possam integrar o crime de corrupção. Esta é uma realidade nua e crua”, esclarece.
“Não há complexidade alguma em investigar o nada, o vazio”, assume o juiz sobre o mandado de libertação intitulado de complexo.”
Será o juiz José Reis um “perigoso socrático”?
Não sei se me fiz entender: acho perfeitamente plausível que alguém empreste a um amigo uma quantia da ordem daquela de que se fala.
Pareceu-me que me percebeu em sentido contrário.
Já agora acrescento:
– Nada na gestão da vida pessoal de Sócrates me fará esquecer que foi o líder do Governo que quis ver neste país (espelunca, parece-me às vezes) um sítio de modernidade e progresso;
– Mesmo que venha a ser provada corrupção, mantenho a opinião sobre o seu governo.
E, assim, “tralha socrática” me confesso 😉
João Pedro Lopes
João Pedro Lopes, cabe à Justiça apresentar factos que provem que o dinheiro é de Sócrates e que a sua origem é criminosa. O resto são considerações de ordem moral que, a serem verdadeiras, podemos reprovar, mas essa não é matéria para a justiça.
Apesar do relato do Desembargador José Reis, sobrepuseram-se a
vontade de duas Desembargadoras porque acabou votando vencido!
Seria interessante saber em que se baseou a sua tomada de decisão!?!
Vejamos: Segundo os montantes que vão sendo “conhecidos”, o empréstimo (não admitido pelo juiz e procurador) andaria entre os 650.000€ e 1.500.000€. Muito dinheiro, “Quem cabritos vende…”, “Tanta amizade a propósito de quê?”, etc.
Se considerarmos um total de 23.000.000€, que é o montante consistentemente referido na conta do Santos Silva, este emprestou a um amigo de infância cerca de 6,5 % do dinheiro que tinha no banco.
Tiremos 3 zeros às quantias, para impressionarem menos: tenho 23.000€ e um grande amigo pede-me 1.500. Empresto? Cada um que responda, mas a mim já me fizeram bem melhor.
Se calhar sou eu que tenho sorte com os amigos…
Conclusão: não tenho opinião, mas o facto essencial que despoleta a investigação se calhar não é assim tão estranho.
Cumprimentos
Sem dúvida!
E tudo isto perante a apatia geral dos portugueses e dos altos responsáveis da justiça em Portugal : tristezas ! E grandes motivos de preocupação…