No Público de hoje, o colunista da última página usa o espaço que lhe é destinado para atacar um jornalista – Paulo Pena – e dois colunistas – Pacheco Pereira e Rui Tavares. – todos da casa.
É suposto que um colunista seja alguém que, mercê dos seus conhecimentos profissionais, académicos ou experiência de vida, acrescente algo ao jornal, isto é que contribua para enriquecer a informação fornecida aos leitores. Presume-se que é para isso que o jornal lhe paga, para mais, numa altura em que a imprensa sofre uma grave crise de leitores e de investimento publicitário e que o dinheiro para a investigação jornalística e a reportagem escasseiam.
Imagina-se que, tratando-se de um jornal de referência, os leitores do Público tenham a expectativa de que o seu jornal não seja usado para que os colaboradores se ataquem uns aos outros e aos jornalistas da casa, para já não falar de ataques a pessoas que não podem defender-se no mesmo espaço e com a mesma visibilidade. Com sorte, são remetidas para as “cartas à directora”.
Mas a crise da imprensa tem destas coisas. Um colunista que passe a vida a criar polémicas, atacando tudo e todos, desde que tenha jeitinho para alinhar umas frases assassinas, uns títulos estridentes e umas setas bem dirigidas, tem coluna garantida. Quiçá é mesmo contratado para isso. E como se trata de espaços de opinião ai de quem se atreva a meter-se no que ali se escreve. Na volta, leva a doer para aprender a não se meter com quem é pago para escrever aquilo. E a direcção do jornal que não se atreva a chamá-lo à pedra ou a cortar-lhe o pio, que logo ouvirá: “Censura”!
Alguém falou em ética do comentário? Retomo o que em tempos escrevi sobre isso:
Pingback: A liberdade de expressao | Farrusco
Carlos Guerreiro informe-se antes de escrever disparates.
JMT.
Era assinante do Público há muitos anos. Decidi, há algum tempo, não renovar a assinatura do jornal enquanto esta servir para alimentar JMF. Há limites.
“Mas a crise da imprensa tem destas coisas. Um colunista que passe a vida a criar polémicas, atacando tudo e todos, desde que tenha jeitinho para alinhar umas frases assassinas, uns títulos estridentes e umas setas bem dirigidas, tem coluna garantida. Quiçá é mesmo contratado para isso.”
Isto só acontece se o cronista bater nos tipos certos. Não pode atacar tudo e todos. Veja lá se conhece alguém que tenha sido contratado por bater na direita, em cavaco ou paulo portas? Descubra e depois diga-nos.
Não vejo mal que um cronista do jornal bata em gente do seu jornal. Se tem o hábito de bater, pq lhe hão-de doer em casa as mãos? Infelizmente, ao cronista JMT só lhe dá para bater em quem por lá não merece: PPena, JPP e RT. Triste opções quando tinha tão à mão um pedro sousa carvalho, uma são josé almeida ou um nuno sá lourenço – gente a quem nunca vi a separação opinião/notícia preocupar. Ou um Nuno Pacheco clamando pateticamente contra o acordo ortográfico mas deixando passar dentro de portas galicismos como Corão, ou um Manuel Carvalho ouvindo apenas três pessoas e irrelevantes para fazer um longo perfil sobre Augusto Santos Silva (veja-se, mais acima, como (não) gosto do novo mne).
Não foi a senhora que utilizou este ou outro blogue para tecer comentários a acordãos/resoluções da ERC quando lá militava e onde sempre foi uma voz concordante com esse defensor da imprensa livre, que foi o Sr. Eng. José Sócrates. Podia falar no processo do Sr. Eng. contra o João Miguel Tavares, mas fico pelo processo do Sr. Eng. contra o Dr. Balbino Caldeira, do blogue Do Portugal Profundo, que desmascarou a licenciatura domingueira do Sr. Eng, e cuja única finalidade foi impedir que o blogue continuasse a falar do que incomodava ao Sr., Eng. pois o MP não aduziu acusação nem o Sr. Eng, decidiu pela acusação particular, o processo tinha cumprido a sua função de silenciar uma voz incomoda durante o período eleitoral…
um artigo sem interesse nenhum, baseado na lavagem de roupa suja, e que ainda por cima foi pago. Conversa de porteira devia ficar mesmo só pelas entradas do prédio, jornais custam dinheiro e servem para informar e criar opiniões a quem os lê. Isto não è nada. Zero.
Até para ser demagogo é precisa qualidade…
Fica aqui a minha dica: a Sra Estrela Serrano fica, a partir de agora, com a responsabilidade de catalogar os bons e maus comentadores, como forma de guiar os leitores mais ingénuos e influenciáveis, a não seguir os maus caminhos que esses comentadores, maldosamente, sugerem. Até podia arranjar um lápis azul para o efeito, sei lá…
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Cara autora deste blog que muito aprecio ler, por favor, se não for pedir muito e nem achar um abuso, avisar os seus estimados leitores que é de um palhaço que fala, que é para nos preparar-mos para o que vamos ver, ou então utilize sempre “o colunista de ultima página”.
Obrigado
Os “comentadores” são apenas uma das inúmeras faces perversas do que se chama CUmunicação ( a grafia é minha ) social em Portugal. Basta ler as manchetes da generalidade dos orgãos para perceber que os fatos, quase sempre despidos da sua tanto quanto possível exatidão e dimensão, resultam em apenas meros instrumentos usados para tentar capturar o leitor e, de quebra, fomentar a sua ignorância do essencial e embotar o seu espírito crítico.
com colunistas do calibre daquele que hoje escreve o que o jornal arrisca é ter os mesmos fins do “i” e do “Sol”; infelizmente há muita gente que sofre as consequencias sem qualquer culpa relativamente ao que os Tavares e companhia debitam nos espaços que lhe dão.
Tem razão. Os comentadores em Portugal, em tão grande número e com uma qualidade tão díspar e, frequentemente, tão duvidosa, não apenas causam uma tremenda intoxicação opinativa como canibalizam o jornalismo. Não sei como se trava esta moda e o que me consola é pensar que, como todas as modas, acabará por passar à história.
Uma boa noite, Cara Estrela Serrano.
Só vejo uma forma correcta: os leitores saberem e tomarem consciencia que o dever de separar o bom do mau é apenas seu(leitor). Tudo resto cheira-me a fazerem de mim parvo; e mais grave, se não tivessem lucro nisso não se davam ao trabalho de serem os “vigilantes” a decidir o que posso ou não ler.
Conheci sensores no tempo da outra senhora e eram excelentes pessoas; só faziam isso porque lhes pagavam (miseravelmente) para isso.
«Com sorte, são remetidas para as “cartas à directora”» Discordo deste ponto. A única vez que tive razão de queixa de um colunista do “Público”, deram-me espaço e destaque igual para me defender.
Excelente ! É exatamente isso. Ando há anos para escrever sobre esse tema, evocando nomeadamente uma conversa que tive em maio de 2011. Vivia então eu ainda no estrangeiro. Por ocasião de uma vinda a Lisboa, um dos principais responsáveis da informação em Portugal veio ter comigo e no bar do hotel, a certa altura, disse uma coisa que eu nunca esqueci : “Professor, isso de análises serenas não interessam ninguém. O que interessa os leitores é a polémica, o ataque virulento”. Respondi-lhe que, por sensibilidade própria, por educação e por uma conceção de jornalismo que pratiquei como leitor desde 1966, como estudante e, durante 41 anos, como professor, e como cronista em diversas publicações belgas durante umas dezenas de anos, eu recusava escrever crónicas desse género. Mas é evidente que é isso que “rende”, que é isso que é apreciado pelos diretores dos jornais portugueses. E repare que esses autores umbigocenrista e altamente agressivos proliferam em TODOS os jornais ditos sérios, para não falarmos sequer dos outros…