Hoje, na Assembleia da República, Paulo Portas e Temo Correia pareciam dois rufiões. Faltou-lhes o fair play e puxou-lhes o pé para o chinelo. As referências de Telmo Correia ao governo como “um projecto radical social-comunista” e à “tralha socrática” e de Portas ao “Senhor primeiro-ministro, vírgula, primeiro ministro não escolhido pelo povo” foram a expressão de uma raiva mal contida e de um despeito que lhes bloqueia o discernimento.
Passos Coelho embora sempre de rosto fechado e mais comedido nas palavras não esteve melhor. É por demais evidente que não digeriu ainda a perda do lugar de primeiro-ministro. Incapaz de reconhecer que o seu governo foi rejeitado pelo Parlamento nunca se dirigiu a António Costa como “primeiro-minstro”, chamando-lhe sempre e apenas “Chefe do governo”. Outro deputado também do PSD, normalmente comedido e cordato, Duarte Pacheco, encontrou no ministro das Finanças o seu alvo: Mário Centeno, “o ilusionista”, e Mário Centeno, o “fazedor de números”, foram alguns dos epítetos que usou para o interpelar.
Mas não foi apenas na forma, que a coligação PSD-CDS revelou um comportamento autista. Também na substância os argumentos além de incoerentes eram gastos. A tese da “ilegitimidade” do governo de António Costa já não convence ninguém e ameaça voltar-se contra a coligação. Todos já compreenderam que Passos e Portas queriam governar a qualquer preço, eles sim, agarrados ao poder, não tendo sido capazes de granjear os apoios parlamentares de que necessitavam para governar. Dir-se-ia que se julgavam acima da Constituição e que lhes bastava que o Presidente da República os escolhesse. Esqueceram-se (ou ignoravam) que lhes faltava a segunda legitimação e essa só a podiam conseguir no Parlamento. Por isso, quando Costa lhes perguntou qual era a alternativa de governo que tinham para apresentar se a moção de rejeição que apresentaram fosse aprovada, não tiveram resposta. Sabe-se lá porquê consideravam que o PS era obrigado a dar-lhes apoio.
Passados estes dias, ouvidos os discursos do governo, dos partidos que o apoiam e dos partidos da direita compreende-se melhor como foi acertada a recusa de António Costa de servir de bengala a um novo governo de Passos e Portas. Só a ideia de ouvi-los novamente do alto da sua auto-satisfação imporem a austeridade e a pobreza como destino fatal dos portugueses, causa arrepios. Iluminados pela sua imensa sabedoria acham que só eles têm o direito de governar o País.
Sem deixar de responder à letra à “vírgula” de Portas – “apesar das palavras crispadas hoje proferidas por alguns deputados, vírgula, ainda ressabiados“- o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, com fama e proveito de gostar de “malhar na direita” chamou esta à razão, convidando PSD e CDS a aceitarem as regras do jogo democrático e dizendo-lhes que “o tempo não está para radicalizações, mas sim para compromissos [e que] todos somos indispensáveis“.
És um grande parvalhão
É um grande Homem do norte ! O prof. Santos Silva!
O ressabiamento afecta os neurónios, duma forma extrema.
Não sou belicista,mas a boa e velha Justiça de Fafe,vinha a calhar ,para os Piquenos da drtª. serem mais comedidos.