Ao fim do segundo dia e de seis debates presidenciais, um dos quais reunindo quatro candidatos, a overdose que as televisões decidiram oferecer aos portugueses revela-se frustrante e mesmo ameaçadora para o prestígio e a credibilidade função presidencial. Não apenas porque o discurso dos candidatos é repetitivo e redundante – andam há muito em campanha e a ser entrevistados pelas televisões, rádios e jornais – como os moderadores dos debates esgotaram as perguntas, sobretudo quando têm que questionar o mesmo candidato em dias seguidos com parceiros diferentes. Ficam então as questões da agenda do dia, as bicadas e picardias entre alguns deles e pouco mais.
A solução encontrada pelas televisões para acomodarem os três últimos candidatos, – Jorge Sequeira, Vitorino Silva, conhecido por Tino de Rans, e Cândido Ferreira – atribuindo aos três um debate conjunto com Marcelo, outro com Maria de Belém e outro com Sampaio da Nóvoa, privando-os de frente-a-frente com todos, deu barraca logo no primeiro. Cândido Ferreira leu uma declaração de protesto contra a diferença de tratamento e abandonou o estúdio da TVI24.
Marcelo aproveitou bem a situação, solidarizando-se com Cândido Ferreira e oferecendo-se para debater com ele numa televisão que se disponibilizasse para isso. Tino de Rans, o “calceteiro de excelência”, como lhe chamou Marcelo, deu a Marcelo oportunidade para dar “lições” em tom ora paternalista ora de humildade, concordando com uma coisa e o seu contrário, fazendo crer a quem o ouvia que levava mesmo a sério aquele debate e aqueles candidatos. Sem saber se havia de rir, Marcelo ouviu Tino de Rans dizer-lhe que iriam os dois à 2.ª volta porque até têm perfis idênticos.
Noutro debate, na RTP 3, Henrique Neto foi particularmente desagradável com Sampaio da Nóvoa, com o moderador José Rodrigues dos Santos a não resistir a introduzir o tema Sócrates, insistindo com Sampaio da Nóvoa para que escolhesse entre o governo de Passos e o de Sócrates aquele com que mais se identifica. A provocação foi aproveitada por Henrique Neto, com Sampaio da Nóvoa contendo mal a perplexidade perante o bota-abaixo e a petulância de Henrique Neto contra os “académicos”.
Maria de Belém com um discurso bem estudado, revela contudo algum nervosismo, patente na voz trémula, colocando-se demasiadas vezes na defensiva, como aconteceu no debate na SIC Notícias com Paulo Morais, o candidato da corrupção e da sisa, para quem todos os políticos são, até mais ver, corruptos.
Marisa Matias, a mais afirmativa e simpática, ostenta um discurso sem constrangimentos, fluente e atractivo, qualquer que seja o opositor. Nota-se, como em Edgar Silva, o entusiasmo com a nova relação de forças no quadro político e parlamentar, mesmo quando divergem do actual governo.
Faltam ainda muitos debates mas os discursos dos candidatos e as perguntas dos moderadores estão já gastos. Chegaremos ao fim dos debates com uma absoluta indiferença perante os dez candidatos e o cargo ao qual se candidatam. A overdose de debates vai provocar “intoxicação” e vontade de mudar a receita.
Vi parte do confronto do Neto & José vs Novoa, há muito que esse jrs mete dó. Mais me custa a ser pago por todos nós (digo eu)
Cpts
Pelas piores razões, dos poucos debates que vi, saliento a vergonha de
serviço público que a RTP não faz, são os portugueses que pagam força-
dos na conta da electricidade uma taxa para ajudar a custear a Rádio e
a Televisão ditas públicas!
O comportamento do moderador do debate entre Sampaio da Nóvoa e
Henrique Neto, extravazou tudo o que pode ser admissível ao pretender
trazer a figura de José Sócrates para a desconversa que foi aquele debate!
Seja por quem for, deve ser o referido moderador ser chamado à realidade
pois, não deve ser agressivo e impositivo na moderação … propor-lhe uma
cura para a sócratite de que parece padecer e, acima de tudo ser NEUTRO
nas suas intervenções profissionais de jornalista!!!