O debate entre Marcelo Rebelo de Sousa e Maria de Belém, esta noite na RTP1, foi um debate sobre o carácter dos candidatos, voltado para o passado e com muito pouca substância. Maria de Belém deu o tom e o enfoque, introduzindo o tema da hiperactividade de Marcelo e das suas contradições. Marcelo respondeu acusando Maria de Belém de estar implicitamente a considerá-lo um “doente mental”, uma vez que a hiperactividade é uma doença mental. A seguir, Marcelo leu uma cábula com os sintomas de um doente hiper-activo, para concluir que não tem nenhum deles. Acusou ainda Maria de Belém de querer discutir o “sono” dele (Marcelo sempre disse que dorme muito pouco).
O debate prosseguiu com a discussão do que cada um disse no passado e desdiz no presente, tendo como objectivo implícito, por parte de cada um deles, pôr em causa o carácter do outro. Porque quando Maria de Belém pretende mostrar que Marcelo é intriguista e um catavento em matéria de convicções, ou quando Marcelo acusa Maria de Belém de “não conseguir unir o partido dela e querer unir o país” ao lançar a candidatura quando o líder do seu partido está a dar uma entrevista a uma televisão, ambos estão a fazer uma discussão sobre o carácter do outro.
Ora, discutir o carácter de um candidato presidencial é normal e até desejável, uma vez que se trata da eleição de uma pessoa e não de um partido. O presidente da República é, como se sabe, um órgão uninominal, o mais alto na hierarquia do Estado, dotado de poderes próprios. A sua personalidade, carácter, capacidades e formação, devem ser matérias escrutináveis.
O problema deste debate não foi o facto de se ter praticamente esgotado na discussão do carácter de Marcelo. Foi, sim, o facto de Maria de Belém ter repetido argumentos já utilizados no debate anterior e de nada de novo nem de substantivo ter retirado dos defeitos que apontou a Marcelo. Porque discutir o perfil, a personalidade e o carácter só tem sentido quando essa discussão se revela útil e necessária para o exercício do cargo de presidente da República. Ora, não foi isso que se passou neste e em alguns dos outros debates nos quais a discussão do carácter foi apenas uma arma de arremesso de uns contra outros.
Acresce que neste debate os ataques reciprocos entre Maria de Belém e Marcelo tiveram ainda a particularidade de as acusações terem sido acompanhadas por sorrisos artificiais, para não dizer hipócritas, uma espécie de máscara que cada um deles ostentou em todo o debate enquanto atacava o outro.
Um debate irrelevante e mesquinho!
sabe dizer porque razão fomos inundados de sondagens nas legislativas e agora nada ou quase nada? é mesmo segura a vitória de marcelo, donde que não vale a pena gastar dinheiro a adivinhar uma certeza? ou o que fez haver tanta sondagem nas legislativas é o mesmo que explica a dieta actual?
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