Um dos aspectos através dos quais é possível analisar a evolução da cobertura das campanhas presidenciais na televisão é olhar para os genéricos e ver como é que ao longo do tempo as televisões têm concebido a imagem de apresentação das campanhas presidenciais.
Nas presidenciais de 1991, 1996 e 2001, a cobertura televisiva integra-se numa rubrica especial, equivalente a uma secção de jornal, anunciada por um genérico concebido especialmente para as eleições, introduzido no início e no fim da apresentação do conjunto das peças dedicadas à campanha .
O genérico usa a esfera armilar da bandeira nacional como elemento preponderante, tendo como pano de fundo a bandeira nacional – em 1991 menos evidente (a esfera armilar é parcialmente ocultada pelo número 91 e o escudo é enquadrado no círculo do algarismo 9); em 1996, a esfera surge em primeiro plano mas não ostenta o escudo; e em 2001 a esfera armilar e o escudo ganham presença no pano da bandeira que oscila ao vento. As cores são, nos três casos, o verde e o vermelho-bandeira. Nas três campanhas, o genérico é acompanhado de um som musical sem palavras. Trata-se da evocação de um universo simbólico que torna imediatamente perceptível ao telespectador a realidade e a solenidade da eleição presidencial.
Em 2011, RTP é o único canal a usar um genérico a abrir e a fechar o espaço da campanhas, no telejornal, enquanto a TVI opta por inscrever o título no oráculo e a SIC por não apresentar qualquer genérico, logótipo ou oráculo, mantendo uma “janela” onde surgem imagens visuais paradas (frases) ou em movimento, antecipando o tema.
Nestas presidenciais de 2016, os genéricos sofreram uma simplificação evidente: na RTP. desapareceram os símbolos nacionais da bandeira ou da esfera armilar, ficando apenas uma fina faixa com as cores da bandeira e o ano da eleição.
Na SIC, o grafismo não inclui qualquer associação a símbolos nacionais, seja na cor ou no grafismo.
A TVI é a única televisão que em 2016 mantém no genérico da apresentação da campanha presidencial uma representação estilizada dos símbolos nacionais – esfera armilar e escudo.
A presença dos símbolos nacionais nos genéricos da apresentação das campanhas presidenciais, não apenas em Portugal, possuem uma função referencial que remete para a representação nacional da figura do Presidente da República.
Ora, independentemente das interpretações que possam ser feitas e do significado que possamos atribuir ao desaparecimento dos símbolos nacionais na apresentação da campanha presidencial, é interessante constatar que também ao nível da representação televisiva a eleição do Presidente da República tem perdido algo da sua função simbólica.
Um puxãozinho de orelhas a essa gente, era bem dado. Mas enfim, como cantava a saudosa Amália: TUDO ISTO EXISTE TUDO ISTO É……….VIDA (digo eu) Carlos P.Álvares (Chaubet)