“Podíamos arranjar uma candidata mais engraçadinha e com um discurso mais populista”. “São opções e não quero criticá-las”. “Não somos capazes de mudar. Fazemos sempre a mesma opção por uma forma séria de fazer política”. (Jerónimo de Sousa)
Estas palavras de Jerónimo de Sousa provocaram uma pequena tempestade, sobretudo por terem vindas da boca de um dirigente comunista. Hoje, Jerónimo de Sousa desdramatizou a tensão que elas provocaram no Bloco de Esquerda por terem sido entendidas como referindo-se à candidata do Bloco, Marisa Matias.
O “deslize” de Jerónimo de Sousa tem uma leitura política. Mas significa também, por parte do PCP, a constatação de que as eleições presidenciais são eleições personalizadas, elege-se uma pessoa e não um colectivo. Um candidato e uma candidata valem nesta eleição pelo que representam de ideias e convicções mas também pelo seu carisma, força, talento comunicativo, aparência e força interior.
Não sabemos se Jerónimo se referia à beleza de Marisa, se à sua capacidade de comunicação, se ao vigor com que defendeu as suas ideias. Mas ouvimos, por exemplo, Fernando Rosas, ex-dirigente do Bloco, afirmar na TVI 24 que Jerónimo não se referia certamente a Maria de Belém. Ora, esta afirmação também dá que pensar. Porque não caberia Maria de Belém na adjectivação de Jerónimo?
O termo “engraçadinha” é, aliás, ambíguo. Marcelo é engraçado (pelas traquinices que lhe atribuem) mas não é “engraçadinho” no sentido que é atribuído à expressão de Jerónimo. Ou será que Marcelo ganhou porque é engraçado?
Falando a sério, não sabemos se a beleza física de um candidato capta eleitores, além de que o conceito de beleza é muito pessoal. Mas se Jerónimo acha que o Bloco subiu porque tinha uma candidata “engraçadinha” (isto é, bonita, inteligente e comunicativa) porque não apostou no mesmo perfil entre os seus camaradas? Dou duas sugestões: João Ferreira e Rita Rato.
Candidatos “engraçadinhos” há-os em todos os partidos e dos dois géneros. Inteligentes e carismáticos é mais difícil…
È claro que a beleza, como o carisma, a personalidade e a sugestão que a imagem do candidato, a convicção que consegue exteriorizar , contam e muito como é mais que evidente.
Mas o perder ou ter um mau resultado – do PCP é mais profundo que isso.Deve o comité do PCP interrogar-se porque o BE consegue ganhar em pouco tempo 10% do seu natural espaço. Isto se forem capazes de irem a tempo de se tornarem irrelevantes.
Se ouvir a gravação verá que a primeira citação que faz não está correcta.
Cumprimentos.
JR