“Nós votamos contra o texto original do Orçamento do Estado – que gera incerteza, insegurança, é mau para a classe média e não tem emenda – e vamos abster-nos relativamente a todas as propostas de alteração, sem exceção (…) “A razão de princípio é clara e coerente: o Governo deve ter a possibilidade de escolher o Orçamento com o qual Governa” (Leitão Amaro. deputado do PSD)
“(…) é o actual chefe do Governo que tem a obrigação de aprovar os compromissos internacionais do Estado, caso dos apoios à Grécia e Turquia, e mostrar que tem uma maioria compatível com esses compromissos.” (Passos Coelho, líder do PSD)
É uma estranha concepção de democracia a que Passos Coelho tem revelado desde que é oposição. Se relativamente à política interna não se estranha que o PSD recuse as propostas do governo de António Costa, embora a recusa sistemática de participação na discussão do orçamento de Estado e de apresentação de propostas alternativas seja em si mesma uma aberração, já a rejeição de compromissos internacionais firmados pelo seu próprio governo é qualquer coisa de inimaginável vindo de quem passa o tempo a falar da imagem do país e dos seus compromissos internacionais e anda de bandeirinha nacional na lapela como se fosse ainda primeiro-ministro.
Com este seu gesto irresponsável, que António Costa contornou através de uma solução jurídica, Passos Coelho dificilmente poderá voltar a falar de “credibilidade” e de “confiança” sem que à sua volta se soltem sonoras gargalhadas. Passos não deve ter visto bem o filme. De tanto se querer vingar de Costa não viu que se meteu num beco sem saída.
É preciso dizer em voz alta: Passos Coelho obrigou o PSD a votar contra tudo o que está no orçamento de 2016 e, por birra, não vai propôr nada como alternativa. Porque Passos só pensa e só quer: “ou eu ou o caos!”