Se dúvidas houvesse sobre a inoportunidade de uma comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD), esta notícia do Público ajudaria a perceber a confusão que vai seguir-se.
De facto, a CGD vai ser ao mesmo tempo alvo de três avaliações de diferentes entidades: uma feita pela Comissão Europeia, outra pelo Parlamento português, outra, numa auditoria forense. As consequências destas três avaliações são de alcance diferente. Enquanto a Comissão Europeia está a avaliar o processo de recapitalização, dependendo dessa avaliação a autorização de capitalização da Caixa, a auditoria forense e a CPI possuem um alcance incomparavelmente menor, sendo que a CPI produzirá, neste caso, mais ruído que informação substantiva, dado o facto de existirem auditorias anteriores à CGD que produziram já muita informação. A CPI é, além disso, muito mais demorada que as outras duas. Pode ainda dar-se o caso de os resultados dessas avaliações serem contraditórios e termos no fim os avaliadores a defenderem cada um a supremacia da sua avaliação.
É demasiado óbvio que a CPI proposta por PSD e CDS é uma jogada política com objectivos puramente políticos mascarados de defesa de uma pseudo-transparência traduzida no “quem-não-deve-não-teme”.
Como referi aqui. a Caixa Geral de Depósitos deve ser investigada e responsabilizados aqueles que contribuíram para a situação actual. A auditoria forense e o Ministério Público, pelos vistos não servem para isso nem parecem merecer crédito ao PSD e ao CDS.