Do alto da sua infinita capacidade para iludir a realidade e fugir à verdade, Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças, veio dizer que “se ainda fosse ministra” a questão das sanções não se colocaria, acrescentando que “na perspectiva de Bruxelas” o que está em causa é que a trajectória esteja a ser desviada daquilo que foi nos últimos anos”.
Parece anedota mas não é. Maria Luís age como-voz de Bruxelas, deixando claro que a ameaça permanente de sanções a Portugal destina-se a pôr na ordem o governo socialista.
Maria Luís antecipou-se às notícias que hoje vieram de Bruxelas e que mostram bem no que se transformou esta desgraçada Europa: um responsável europeu, não identificado, afirmou à Reuters que a Comissão estava disposta a avançar com uma espécie de “pena suspensa” em termos de sanções, caso Portugal e Espanha dessem provas de que estavam a remediar a situação. “Temos de os punir pelos pecados do passado, mas com o olhar na redenção futura”, afirmou a mesma fonte. A sintonia de Maria Luís e do PSD com este obscuro porta-voz não podia ser mais evidente.
Maria Luís falou na sede do PSD, isto é, em nome do partido. Foi talvez escolhida porque nada a atrapalha, verdade ou mentira, tanto faz. Em Maria Luís, o descaramento não tem limites! Nem todos se prestariam a tal mistificação.
Em política a memória é curta, mas estão ainda vivas as suas contradições nas comissões parlamentares, a sua relação difícil com a verdade nos caso swaps, BES, Banif, os malabarismos do governo de que fez parte para a “saída limpa”, os falhanços sucessivos no cumprimento das metas orçamentais.
Não se sabe donde lhe vem a arrogância que ostenta nem a cátedra donde fala. O Expresso traçou-lhe em tempos a biografia e apesar de o resultado não ser recomendável não houve desmentidos nem rectificação.
Pingback: Mário Centeno: aquele seu ar infeliz não é defeito, é feitio… | VAI E VEM