O jornal Público publica hoje um trabalho da jornalista Joana Gorjão Henriques que constitui um exemplo do que o jornalismo tem de melhor. O jornal percebeu o interesse público do assunto e deu-lhe o espaço necessário com chamada de 1.ª página.
Um alto funcionário do Estado, o jornal identifica-o como “inspector de Finanças” ,explora mulheres imigrantes africanas, brasileiras e da Europa de Leste sem lhes pagar alegando que são ilegais e ameaça deportá-las se elas reclamam o que ele lhes deve.
Não há neste caso nomes de figuras mediáticas, hoje em dia ingrediente essencial para que uma notícia seja valorizada e comentada. E, no entanto, trata-se de um tema que deveria alertar consciências e levar os poderes públicos a aprofundarem a situação revelada e outras que certamente existem de igual ou ainda maior gravidade.
Não é possível ficar indiferente perante a miséria moral, esteja ou não tipificado na lei como crime, de um alto funcionário das Finanças, inspector refere o jornal, que permamece impune apesar de o seu caso ter sido participado à Autoridade para as Condições de Trabalho e para o SEF.
O artigo de Joana Gorjão Henriques alerta-nos para um sub-mundo que julagávamos ultrapassado mas que subsiste quase sempre longe das primeiras páginas dos jornais e das aberturas dos telejornais. Mas são trabalhos como estes que nos confortam sobre a existência de um jornalismo que não anda só atrás dos políticos e das disputas de poder e é capaz de revelar até que ponto pode descer a perfídia e a irresponsabilidade ou, talvez mais realisticamente, a certeza de alguém que se julga impune.
Este inspector de Finanças merece ser identificado com o seu verdadeiro nome para que a sua falta de vergonha não seja premiada pelo anonimato e para que o roubo e as ameaças que faz às mulheres suas vítimas tenham a devida punição.
O citado inspector das finanças reconheceu ao jornal que não pagou às pessoas que cuidaram da sua Mãe…creio que não é conduta que se recomende ao menios do ponto de vista moral merecia ser identificado para evitar novas vítimas…
Cara Estrela Serrano,
Leio o seu comentário e fico perplexo! Então diz-me que o facto de antes e noutros processos se terem conhecido nomes antes de julgamento, deve servir de regra para situações futuras ?!
Como é óbvio não conheço a criatura em questão de parte nenhuma. Mas já vi casos bastantes de vidas desfeitas por noticias de jornais ( que depois se verifica terem sido, no mínimo, descontextualizadas….) para não ficar de pé atrás com aquilo que se publica. Um jornal não é um tribunal. Não lhe compete julgar na praça pública, mesmo qd considera estar de posse de factos relevantes.
SE leu o texto da jornalista do Público que investigou o caso, o inspector das Finanças assumiu que não pagou às imigrantes que prestaram serviço à sua Mãe. Aliás, nos casos que conhecemos abrangendo altos funcionários do Estado conhecemos os nomes antes do julgamento. Acredito que neste caso houve razões que levaram à não publicação do nome, talvez para protecção de algumas das suas vítimas.
Pois…sem identificar o culpado, a suspeita cai injustamente também sobre inocentes, pelo que é incrível trazer a notícia a público sem identificar quem faz o quê.
A falta de identificação, torna inútil o texto. Casos destes são, infelizmente, mais frequentes que se pode pensar. Não os denunciar abertamente, é colaborar com os “criminosos”.
Confesso que me surpreendeu o seu apelo à publicitação do nome do individuo em causa. Os factos relatados estão provados ? Não há obrigação de salvaguarda do bom nome perante o direito do dito em ser presumido inocente até prova em contrário ?