No passado domingo, Mendes tinha “novidades”sobre a Caixa (coube-lhe a ele, aliás, precisamente na SIC, levantar a lebre das consequências da alteração do estatuto do gestor público). E vai daí, com ar de quem dá lições de ética ao mundo, acusou o governo de ter manipulado a publicação do decreto-lei que criou excepções para os gestores da Caixa Geral de Depósitos. Clara de Sousa, a sua parceira dos domingos na SIC, não duvidou de tão peremptória acusação já que não é suposto ela contrariar Mendes num espaço que foi atribuído a este para dar opiniões.
A acusação que Mendes fez ao governo não é uma opinião. É uma acusação grave que foi repetida por todos os media e pelo PSD e CDS. O primeiro-ministro, que se encontrava em missão externa, veio a público desmontar a “descoberta” do comentador. Fê-lo usando um registo irónico como quem não tem tempo nem pachorra para alimentar intrigas de comentadores: Disse António Costa:
“As críticas do comentador da SIC Luís Marques Mendes “não fazem o menor sentido”.
“É um espírito criativo de ficção policial, mas não teve nada a ver com a realidade da vida política. Não é assim que os órgãos de soberania se relacionam uns com os outros”. (…) a demora na publicação do diploma em Diário da República teve a ver com a necessidade de concluir negociações com a Comissão Europeia.”
“Estávamos na altura em plena fase de conclusão das negociações com a Comissão Europeia sobre o processo de recapitalização. Havia várias parcelas, uma tinha a ver com o estatuto do gestor público, outra com a possibilidade de capitalização. Em Julho chegámos a uma fase decisiva em que houve acordo quanto ao desenho do sistema”, explicou o primeiro-ministro.”
A SIC não é responsável pelas “noticias” que o seu comentador põe cá fora. Nem Clara de Sousa, é verdade. Nem a SIC ou Clara lhe podem exigir que se quer dar “noticias” seja ao menos rigoroso. Ser político-comentador é deter um poder sem ter responsabilidade. Clara de Sousa é uma jornalista prestigiada e é pena que a SIC lhe tenha atribuído o papel de “pau de cabeleira” de Marques Mendes. Mais valia deixá-lo falar sozinho a olhar para nós…
Qualquer jornalista se sentirá defraudado ao ser confrontado com um comentador comprometido com interesses particulares que se sente impune para lançar acusações e atoardas abusando do tempo de antena que lhe é dado.
Mendes não é, aliás, caso virgem. Como repetidamente assinalei aqui, aqui, ou aqui.
Sabemos nós povo quem fala verdade? Nunca se esqueçam os meus amigos e leitores que o que ELES TODOS! MAS TODOS QUEREM É POLEIRO COM BOM TACHO……….
María Helena S.Viveiros.
Ninguém põe ordem nisto!… E ficamos com uma sensação de impotência perante os poderes ocultos que estão por trás deste senhor e de outros como ele que proliferam nos canais de televisão, mas também na rádio. Um indivíduo que é conselheiro de Estado e se presta a esta “missão” só pode estar muito bem estribado. E, de facto, é lamentável que jornalistas com o gabarito de Clara de Sousa se sujeitem a este papel que, creio eu que não sou jornalista, só pode ser muito frustrante.