Esta sexta feira, na revista semanal do Correio da Manhã encontrei a frase abaixo reproduzida retirada de uma entrevista ao ex-crítico de televisão do Público, em que ele se refere à informação “feita por órgãos públicos“ (leia-se pela RTP) como “propaganda do governo, se não 24 horas por dia, pelo menos quando o governo precisa”.
Embora a opinião seja livre, convém olhar para os factos e comparar a presença dos protagonistas do Governo e dos partidos políticos na informação da RTP, SIC e TVI em 2010 (ver fig, 24, pág. 113, Relatório Regulação ERC)
Temos, pois:
- Em 2010, entre os protagonistas políticos nacionais que surgem associados a uma determinada pertença político-partidária, a presença dos membros do Governo nos quatro blocos informativos distribui-se assim: 54,8% no Jornal da Noite da SIC, 46,8% no Jornal 2/Hoje da RTP2, 44,1% no Jornal Nacional da TVI e 39,9% no Telejornal da RTP1.
- Isto é, em 2010 o Governo esteve menos presente na informação da RTP do que na dos operadores privados.
Mas há mais: no gráfico seguinte, pode verificar-se a evolução da presença do Governo comparativamente aos partidos da oposição na RTP, entre 2007 e 2010 (pág. 189, fig. 131, Relatório Pluralismo da RTP).
Assim, em 2010 a presença do governo+PS na informação da RTP foi inferior à do conjunto dos partidos da oposição em quase 7%. E entre 2007 e 2010 a diferença é de menos cerca de 10% para o Governo.
Em suma: o ex-crítico de televisão do Público não tem razão.
Se a informação não deve ser prioridade estruturante da RTP, quando aquela é a preferida dos portugueses, resta perguntar quais as reais intenções da sua desagregação?
caro José Manuel, um abç. para ti.
Caro Jorge Ribas, tem razão, mas já nem fui por aí…a afirmação é tão absurda que nem merece que se perca tempo com ela. O pior é que, às vezes, mesmo assim pegam…
A questão é capaz de não ser tanto de Quantidade mas sim de Qualidade. Ou seja, o tom que é usado. Mas muito, muito pior do que estas acusações vãs, está o título da notícia:
“Não é preciso informação num operador público de TV e rádio”
Até fico arrepiado com isto. A informação *é* talvez a principal razão para existir um operador público sobretudo numa altura em que o futuro vai ser negro para as privadas e podem aumentar as pressões de todo o tipo para cedência a interesses comerciais. Aliás, neste aspecto Portugal nem é dos piores, basta ver o que se passa nos EUA.
Ainda há Estrelas (brilhantes) no céu…