Tenho de tirar o chapéu ao ministro Miguel Relvas pela maneira sagaz como conseguiu, sabe-se agora, convencer o Grupo de Trabalho (GT) por ele criado para estudar o conceito de serviço público, a prosseguir o trabalho apesar de ele próprio e a administração da RTP o terem tornado completamente inútil ao iniciarem um plano de reestruturação da empresa sem darem “cavaco” ao GT.
De facto, quando me preparava para ler o documento entregue ao ministro pelo GT, deparei logo no início com esta frase:
“(…) Considerando-se ultrapassado nas suas funções, o GT ouviu do Sr. Ministro que, quaisquer acções suas neste contexto, nomeadamente as relativas ao PSEF da RTP e ao seu comunicado a este propósito, se referiam exclusivamente ao horizonte temporal de 2011-2012 e que, por isso,
em nada feriam a missão deste GT; e que, ao lidar com a redefinição de serviço público, o GT iria produzir um conjunto de recomendações, agora consubstanciadas neste Relatório, que seriam elemento essencial da definição da política e actuação futura do Governo neste domínio. Nesse sentido, o Grupo de Trabalho resolveu contornar os condicionalismos expostos e prosseguiu a preparação deste documento como prova do seu serviço pro bono à sociedade e como prova da independência com que trabalhou.(…)” (sublinhados meus)
Não podendo negar o inegável, isto é, que o GT estava a “trabalhar para o boneco”, uma vez que a reestruturação da RTP estava e está em curso por sua iniciativa e da administração da empresa à revelia do GT e mesmo contra as ideias publicamente expressas por alguns dos seus membros, o ministro encontrou uma “saída” esfarrapada (que mesmo assim os convenceu) para salvar a face do GT, isto é, dos membros que não se demitiram.
A “saída” do ministro consistiu, ao que se lê, em dizer ao GT que continuasse a trabalhar porque o que ele, ministro, e a administração da RTP estão a fazer é para 2011-2012, enquanto que o trabalho do GT é para o futuro.
Perante tão profunda e convincente explicação o GT “contornou os condicionalismos” e ofereceu o documento à sociedade “pro bono”.
Não sei o que mais me espanta: se a sagacidade do ministro se a ingenuidade do GT. Mas será ingenuidade? Ou simplesmente o GT não quis, para não criar problemas ao Governo ou por qualquer outra razão, demitir-se em bloco como fizeram alguns dos seus membros?
Mas, do mal o menos: pelo menos em 2011-2012 o documento fica a hibernar. Depois, logo se vê. Mas mesmo assim, vale a pena conhecer a sua substância e comentá-la. O que farei por estes dias.
Seja como for, o ministro Relvas nesta oportunidade fez jus à fama de “grande político”, qualidade também patente no comunicado de agradecimento ao GT que fez publicar no site do Governo.
Não lhe tire o chapéu,Estrela.Atire-lhe sim qualquer coisa que tenha à mão e possa fazer mossa.Este personagem, de olhar e língua sibilina,é o protótipo do vendedor da banha da cobra e não só;pretende fazer dos portugueses uma raça de mentecaptos mas,também, transformá-los em simples marionetes do circo que dia a dia vai montando e desmontando.
Esplendor nas Relvas, deste poor country beira mar sacrificado…