Os vampiros


Nos espaços de antena aberta das rádios e televisões ouvem-se agora  palavras de revolta e de lamento contra Passos e o seu  Governo que fazem lembrar tempos não muito recuados em que o “alvo” era outro.

Não são apenas as medidas  de  austeridade. Essas, o povo parecia até compreender. É sobretudo a desilusão e a revolta de quem acreditou no discurso “moralista” do “nós vamos fazer diferente” e verifica que afinal “diferente” se revela muito pior do que se fosse “igual”. 

São muitas coisas juntas: é o desmoronar da confiança no rigor técnico do ministro Vítor Gaspar que se engana nas contas do orçamento de Estado, que antes de  sair do Parlamento já tem um desvio colossal; é o sempre cómico ministro Álvaro que depois de meses a “apanhar bonés” quer franchizing para  o pastel de nata; é Eduardo Catroga e os €45 mil por mês que vai ganhar na EDP, esquecido  das lágrimas “de crocodilo” que exibiu quando  “entregou a proposta de programa eleitoral do PSD a Passos Coelho e chorou emocionado por a sua geração não deixar um Portugal melhor aos mais jovens“; são as nomeações para as Águas de Portugal e a extraordinária teoria de Passos, de que nomeando para administrador de uma empresa um responsável de uma autarquia que deve milhões a essa empresa contribui para resolver os problemas dessa empresa com todas as autarquias; são os amigos e companheiros do Partido que foram para a Maçonaria para discutir valores éticos e morais e vão acabar expulsos por “indecente e má figura” porque os “valores” que os preocupam são valores, sim, mas financeiros; são os ex-espiões que em vez de espiarem quem devem andaram entretidos a mandar informação para a empresa que agora os emprega.

Até o Banco de Portugal mandou às malvas a austeridade que defende para os outros e pagou os subsídios aos seus funcionários e pensionistas.

Tudo isto, que já seria muito, poderá ser, para alguns, apenas folclore. Mas o problema é que não só nada parece andar no país como aqueles que acreditaram em Passos como o homem quase providencial que  “correu” com Sócrates vêem agora que tudo o que ele nos disse – o discurso do rigor, moralista, quase humilde, o “rapaz simpático e de voz bem colocada que mora em Massamá, que fala “verdade” contra o “outro” o “mentiroso” – não era para valer.

A desilusão é enorme e não tem retorno. Os sacrifícios, afinal, são só para alguns. Os outros……“eles comem tudo”, escreveu José Afonso.

São “Os Vampiros”.

 

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8 respostas a Os vampiros

  1. Jorge da Cunha Galvão diz:

    Cara amiga, infelizmente tem toda a razão !! Subscrevo e assino
    Jorge Galvão

  2. Vicente Silva diz:

    É de fartar vilanagem!…

  3. cannis ter diz:

    mas sim o Catroga e a cedência aos todos-poderosos autarcas apaziguados com uns lugarejos
    são os grandes problemas desta semana (e os massonis di sicretas)
    o resto?
    o resto que se lixe …foram eleitos pelas populações logo estão legitimados

  4. cannis ter diz:

    e nesses escandalosos roubos há PSD’s PS’s CDU’s
    se isaltino fez dois bustos de ajuste directo por milhão e meio
    há um pero na covilhã
    um passaroco de 150 mil com 5 quilos de bronze
    uma estrutura plastificada por 60 mil contos etc etc etc
    uma casa da achada..às moscas e com passeantes hindus que vão pró Martim Moniz e de quando em quando olham lá para dentro

    o esgoto que escorre para a Madalena vai custar mês e meio de Catrogas?

  5. cannis ter diz:

    não se chamavam mações?
    agora é vampiros

    eles até depois de uma semana com os caça-vampiros atrás cansaram-se da perseguição

    e admitiram tirar o honesto homem das secretas da lista dos homens de bons costumes

    aparentemente fazia muitas piadolas no facebook

    parece mal para um irmão

    45 mil sempre é menos que o Zeinal Bava ou o gajo da TAP
    um chefe de serviços num hospital pode chegar aos 15 mil ou mais
    um comandante da TAP dos 5 aos 10 mil….
    e há muita autarquia que só ganham 4 ou 3000 mas metem a mão nas despesas que só bisto

    isto sem falar em empresas municipais e distribuição d’água al cano…

    mas ok é quase tão escandaloso como o subsídio à energia solar…

  6. Obrigada, @Francisco Clamote

  7. Francisco diz:

    As pessoas “esqueceram-se” da vergonha que foram os outros dois governos PSD, de tal maneira que acabaram por ser dissolvidos pelo próprio Presidente da República. E, ainda por cima, um dos “dissolvidos” é hoje o próprio presidente da República. Do que é que estavam à espera? Ainda acreditaram nas promessas desses gatunos e intrujões e puseram-nos lá. Agora choram lágrimas de crocodilo. E o “PEC 4” é que era mau. E o pior ainda é que, mesmo quem não votou neles, tem que levar com elas.

  8. Sempre na “mouche”

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