O dia negro do ministro que parecia diferente

Ontem foi um dia negro para o Governo. Mas foi sobretudo um dia negro para os portugueses.

Creio mesmo poder dizer que o dia de ontem marcou o início de uma nova etapa no relacionamento dos portugueses com o Governo. É que ontem o País viu, nas televisões, o ministro que personificava o rigor, a seriedade, a capacidade técnica e o saber, revelar-se, afinal, um manipulador, incapaz de  reconhecer que nos enganou, nos mentiu e nos ocultou deliberadamente que o 13.º e 14.º meses só regressarão (se regressarem) em 2015. Desculpou-se com um “lapso” e chamou-nos implicitamente tolos, gozou connosco, riu-se desbragadamente perante os deputados como se fossem  seus “subditos”. Até o seu colega, ministro dos Assuntos Parlamentares, sentado ao seu lado no Parlamento, olhou para ele, incrédulo, à espera de ouvir o que sairia dali…

Falo de Vítor Gaspar, o ministro que parecia diferente e me despertava até alguma “ternura”, pelo seu ar de “gato assustado”, as olheiras de quem não dorme, a testa enrugada qual pensador, o cabelo espetado em ar de cientista “amalucado”, as conferências de imprensa de voz lenta, pastosa e  repetitiva…perante jornalistas seduzidos por aquela figura rara e desarmante.

Afinal, ele mostrou que  embora não pertencendo à “raça” dos políticos (de quem os tecnocratas como ele esperam sempre algumas inverdades ou mentiras deliberadas),  foi capaz de fingir despudoradamente, assim destruindo a sua credibilidade e a do Governo (já que sabemos que é ele quem manda).

Mais grave, destruiu a possibilidade de encontrar neste governo uma referência de rigor e de verdade.

Não lhe perdoo a desilusão que me causou porque eu queria acreditar nele… 

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8 respostas a O dia negro do ministro que parecia diferente

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  3. Jorge Xavier diz:

    @augusto: não, os políticos não são todos iguais. O problema é acharmos que são e, quando nos surge um diferente (para melhor), acharmos que ele é (ainda) pior do que os outros. Sabe de quem estou a falar, não sabe? Pois é…

  4. Scorpius diz:

    E foi assim que a imagem de um tecnocrata, que no início parecia sério,competente e convicto, se transformou num trapaceiro de competência já duvisosa, à semelhança dos seus partners.
    É bem certo o ditado popular “Quem deve a Pedro e paga a Gaspar,volta a pagar.”

  5. augusto diz:

    Amigos. Os erros ao longo destes 38 anos foram muitos. Os políticos são todos iguais, brincaram com o dinheiro do povo, acabaram com as fronteiras, deram subsídios e projetos de muito dinheiro a empresas L.D.A que pouco duraram e não devolveram dinheiros por fechar (deviam cumprir os acordos), empresas essas que muitas eram dos próprios políticos que nos governavam e depois responsabilidade (Zero). Então, ninguém faz nada. Em Lisboa capital é onde está o poder e o dinheiro, é o local indicado para gozar. Estes querem corrigir os erros em 2 a 3 anos, pelos erros cometidos em 38 anos. Mas não reduzem os Salários deles nem reduzem o número de mamões assistentes, carros, despesas pagas, pois todos têm salário e podem pagar do bolso deles. Mas vai tudo para pagar á conta do povo.
    Vejam só como exemplo a atitude do Sr. Mário Soares ex Presidente da Republica apanhado em alta velocidade, até parece que é o dono do rebanho português. Que vergonha, é falta de caráter, humildade e nota-se que se transformou num grande parolo sem formação. Será que 300 euros é o valor certo da multa ou vão roubar mais. A nossa pobreza está na cabeça de cada um pois se vires algo de errado ou de mal corrige logo, denuncia não deixes seguir, uma ação de correção pode evitar muita chatice e desgraça. Devemos marcar a diferença. Sente e parte a loiça do que não está bem. A união faz a força.

  6. Vicente Silva diz:

    E eis que,a dado momento,o génio saíu da lâmpada envolto numa densa nuvem de fumo e pausadamente exclamou:o ano de 2015 é o ano sequente a 20l4.

  7. zenabo diz:

    É estúpido, muito estúpido…
    Acreditar neste gajo? E no Pai Natal?
    Fosca-se

  8. É exatamente isso e treria sido tão fácil dizer a verdade e não cometer erros como de pagar à Lusoponte o que não lhe era devido, permitir que a CGD entre com 80 milhões para a OPA da Brisa e muitas coisas mais.

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