“Dar os nomes aos bois”

Quando lhes chamou “preguiçosos” (e outras coisas), o primeiro-ministro pensou talvez que os jornalistas se calariam perante a “investida” que lhes fez e que ao não identificar aqueles a quem se dirigia ficaria sem resposta. Não ficou.  Nicolau Santos, no Expresso, fez a “legenda” da “fotografia” (desfocada, diga-se) tirada pelo primeiro-ministro.

Foi no Expresso diário. Eis um excerto:

Nicolau Santos sobre criticas de Passos

 

Nicolau Santos faz um exercício interessante de desconstrução do discurso do primeiro-ministro, lembrando-lhe alguns nomes de jornalistas e de comentadores cujo “apoio” ou compreensão não lhe tem faltado. Com ironia, cita José Gomes Ferreira, do seu próprio jornal (e da SIC) a quem atribui “apoio escrutinador” (ao actual governo).

Nicolau podia continuar sem sair da redacção do seu jornal onde,  em colunas de opinião ou em textos jornalísticos (baseados em  fontes que nunca se diz quem são mas se advinha donde vêm) Passos Coelho não terá razões de queixa.

Mas onde Nicolau Santos mostra a sua capacidade de quebrar um certo “tabu” no seio da classe (como mostrou, entre outras ocasiões, aqui), é quando entra em “casa” alheia,  identificando o director do Diário Económico, António Costa, apontado  como o de “olhar cor-de-rosa”, sem esquecer um dos colunistas mais radicais na defesa das políticas de austeridade deste governo, Camilo Lourenço, do Jornal de Negócios, a quem, justamente,  cola a etiqueta de “fundamentalismo económico”. Não lhe escapa também “a visão gloriosa” de José Manuel Fernandes, do Observador, sobre a área da Educação de Nuno Crato.

E, entre aqueles a quem Passos presumivelmente se dirigiu, Nicolau Santos identifica Constança Cunha e Sá, Vasco Pulido Valente e Miguel Sousa Tavares.

A todos, Nicolau trata por “dr…”, sabendo que alguns não o são. Não é inocente que o faça…

 

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3 respostas a “Dar os nomes aos bois”

  1. nun diz:

    E esquecia-me do dr. João Miguel Tavares, que faz que é crítico, listando até colegas que se bandearam para as assessorias, e aproveita todas as oportunidades para criticar o governo pela ausência de cortes da despesa – leia-se, por demorar tanto a pôr fim ao Estado Social da educação, saúde e solidariedade.

  2. nun diz:

    Podia ter também referido o Dr. Paulo Baldaia, o Dr. David Dinis ou a Dra. Helena Matos, que nas páginas do Observador mente acerca das tendências políticas dos jornalistas portugueses que ainda se mantêm empregados e é suficentemente parvar para tentar fazer dos outros parvos. A djectivação de Nicolau Santos com os colegas (o termo que os jornalistas habitualmente usam não é adequado às figuras em causa) de profissão é demasiado amaricada.

  3. Paulo Rato diz:

    Excelente apreciação da realidade, revelando a sua “nudez forte”, que se apresenta assaz velada, ou mesmo de todo oclusa, aos numerosos e embasbacados devotos dos “grandes especialistas” citados, de sua geral fama muy estritamente técnicos, muy objectivos, por inteiro impermeáveis à húmida insinuação de qualquer ideologia nas respectivas circunvoluções cerebrais… Marcianos, talvez, mas bem pagos (estipendiados, como diria o BB).

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