Esta manhã os noticiários das rádios davam grande destaque às mensagens de Cavaco Silva no Facebook e no Twitter. Lamentavam alguns jornalistas dessas rádios que os políticos prescindam de dar entrevistas aos jornalistas ou fazer declarações, preferindo utilizar as redes sociais para se dirigirem aos cidadãos (referiam-se esses jornalistas ao facto de na véspera Passos Coelho ter também escolhido o Facebook para comentar o orçamento).
Eis então que, ao consultar as edições electrónicas dos jornais chego ao Público e, sorte minha, uma “notícia” ajuda-me a chegar directamente às ditas mensagens do Presidente-candidato, com tudo bem explicadinho, como e onde clicar, etc., que rezava assim: “A mensagem no Twitter foi colocada às 21h56 e pode ser acedida através da página oficial da candidatura na Internet (http://cavacosilva.pt/), que foi apresentada pela candidatura no dia em que Cavaco anunciou a sua recandidatura a Belém. A mensagem não está na página oficial mas clicando no símbolo do Twitter chega-se à página na rede social onde está colocada a mensagem.
Dado o meu interesse pelas “novas formas” de jornalismo, fiquei entusiasmada com a hipótese de podermos estar perante um novo “género” jornalístico, que não será bem o chamado “jornalismo de serviço”, como se costuma nomear aquele que fornece indicações e sugestões sobre marcas e produtos, mas uma espécie de “jornalismo- guia para encontrar candidatos na rede em tempo pré-eleitoral”.
Referindo-se à notícia” do Público online, diz-se aqui que se trata de “jornalistas à altura dos políticos que nos calharam na rifa”. Eu diria antes que se trata de um caso de “desintermediação”, em que um jornal ajuda os seus leitores a chegarem directamente a um candidato, dispensando-os assim de lerem o que o próprio jornal vai escrever sobre esse candidato.
Ora, perguntarão alguns: se são os próprios jornalistas a fazerem a desintermediação entre os cidadãos e as fontes de informação para que precisamos deles?