Os discursos sobre o discurso

Os primeiros comentários jornalísticos ao discurso de posse do Presidente da República não esconderam a surpresa: discurso “muito duro para o Governo”, foi a ideia comum a todos os comentadores.

Na SIC Notícias, logo após o Presidente ter acabado de falar, a repórter ironizou  e disse que o Presidente “quis dizer que talvez fosse à manifestação da “geração à rasca”.  Comentadores habitualmente contidos, como António José Teixeira e Luís Delgado, falaram de um discurso “a que não estamos habituados em cerimónias de posse” e de “um discurso agreste em dia de posse“. “Tinhamos o direito de saber antes” e “o Presidente  errou no timing com este discurso“, disse o primeiro.  O Presidente “inaugurou uma crise política que o País não precisa”  e “o seu discurso “representa a degradação das relações entre o Presidente e o Governo“, afirmou o segundo.

Na RTPN, Maria João Avillez espera consequências, enquanto  Ricardo Jorge Pinto não. Inês Serra Lopes disse que se pertencesse à  organização da “geração à rasca” sentiria que “o Presidente deu alento à manifestação”…

Entretanto, no Facebook, a “geração à rasca” entendeu as palavras do Presidente e os apelos choveram…

Uma primeira conculsão a tirar do discurso é a de que Presidente talvez tenha dividido ao meio os portugueses, a crer nas reacções dos partidos. E ouvindo os programas de “antena aberta”  que se seguiram, também o “povo” que telefona para esses programas se dividiu ao meio.

Mas, pelo menos, o discurso do Presidente uniu os comentadores das televisões, como há muito não se via, na ideia de que “nunca se ouviu um discurso assim no dia da posse de um Presidente”.