Esta manhã, na Antena 1, na rubrica “Contas do Dia“, a propósito das declarações do presidente do maior fundo de investimento mundial – que afirmou que Portugal irá pedir um segundo pacote de ajuda – o jornalista Fausto Coutinho defendeu uma teoria que passo a sistematizar em quatro ideias centrais, das quais extraio outras tantas conclusões:
1.ª ideia: Sabe-se mas não se deve dizer
Diz o jornalista:”A insistência nacional em colocar este assunto em cima da mesa, isto é, a possibilidade de Portugal não regressar aos mercados na data prevista é algo interiorizado desde início deste programa e agora confirma-se: Portugal não vai regressar aos mercados em meados do próximo ano, não vale a pena que os analistas portugueses que os partidos políticos coloquem permanentemente esta questão em cima da mesa porque isto já se sabe.”
2.ª ideia: As razões da defesa do “silêncio”
Diz o jornalista: “Porquê?” “Porque há questões que não devem ser colocadas desta forma, se alguns analistas e forças políticas estiverem constantemente a dizerem que Portugal vai precisar de um pacote de ajuda estamos a empurrar Portugal para um local onde não deve estar que é próximo da Grécia. Portanto, já se sabe que Portugal vai precisar de um novo plano de ajuda vamos esperar que essa possibilidade aconteça e não estar a colocá-la quase diariamente em cima da mesa porque prejudica a imagem do país e leva os mercados a acreditar que se todos no país andam a dizer que é preciso novo plano é porque é.
3.ª ideia: O exemplo (que antes era chamado “autismo” político mas agora parece ser “patriotismo”)
Diz o jornalista: “Posso dar um exemplo muito concreto: é a mesma situação que se passava com o anterior governo que andava todos os dias a ser questionado sobre se ia ou não pedir ajuda externa e é claro que tinha que dizer que não porque a partir do momento em que admitisse isso era o mesmo que estar a pedi-la sem ainda o ter feito”.
4.ª ideia: o remate da teoria:
Diz o jornalista:“Há uma coisa de que estamos todos conscientes: Portugal vai mesmo precisar de um segundo plano de resgate não vale a pena é falar disso.”
Conclusões: Esta teoria tem vários problemas:
1) Legitima a auto-censura dos jornalistas; 2) o jornalista auto-proclama-se como definidor do interesse nacional; 3) priva os cidadãos de informação que têm o direito de conhecer, em nome de uma alegada defesa da imagem do país; 4) torna o jornalista porta-voz dos interesses do Governo, descredibilizando o jornalismo.
Nos EUA, nos anos 20, chamava-se a esta ideologia profissional: “jornalismo patriota”.
Agora percebo o que foram fazer alguns governantes a Luanda…
Eu bem me parecia.Sou ouvinte da Antena Um.Outro dia, uma senhora de Tras-os -Montes,morreu por falta de assistência hospitalar,por ter sido encerrado o serviço de cardiologia em Chaves.Esta noticia só durou até as 7 da manhâ,a partir dessa hora desapareceu de circulação.Quem foi o galfarro? eu imagino mas não posso dizer…
Para complementar o comentário do Eduardo Ramos, este jornalista é o mais provável futuro Director de Informação da estação rádio … dizem …
O snr. Fausto Coutinho é o editor de economia da Antena 1,e quem tenha prestado, ao longo do tempo,atenção as opiniões que de vez em quando debita, já não se surpreende com o exemplo do jornalismo referido no post.
Aliás, talvez fosse interessante que se começasse a atentar no que se vai passando na estação em matéria informativa.