As dificuldades linguísticas do primeiro-ministro

O primeiro-ministro veio hoje, em Cabo Verde, desmentir-se a si próprio, quanto às suas declarações sobre o “financiamento da educação”, na entrevista à TVI.

Passos Coelho entrevista TVIRecordem-se as declarações feitas na TVI e sobretudo o contexto em que na entrevista surge a resposta do primeiro-ministro a Judite de Sousa:

Judite de Sousa: “Poderão existir taxas moderadoras na educação, senhor primeiro-ministro?  ….Podemos ter de pagar pela escola pública, à semelhança da saúde? (a partir do minuto 39:50 no vídeo)

Passos Coelho: “Nós temos uma Constituição, como sabe, que trata o esforço do lado da  Estado na educação de uma forma diferente do do lado da saúde. Isso dá-nos margem de liberdade do lado da Educação para podermos ter um financiamento mais repartido entre os cidadãos e a parte fiscal directa que é assegurada pelo Estado. Do lado da saúde temos menos liberdade para isso…”

É óbvio que, na entrevista, a pergunta da jornalista se refere ao futuro, na sequência da reforma do “Estado social”, e que a resposta do primeiro-ministro não só não afasta a hipótese de “podermos vir a ter…” (termos em que a pergunta é formulada) como não recusa com  clareza e firmeza a hipótese colocada. Pelo contrário, ao responder, que a Constituição “dá-nos margem de liberdade do lado da Educação“, o primeiro-ministro deixa implícita a hipótese colocada pela jornalista. Em nenhum momento da resposta (e da entrevista) o primeiro-ministro se demarca da hipótese contida na pergunta de que “poderão existir taxas moderadoras”.

Passos em Cabo Verde

Vejam-se agora as declarações de hoje sobre o mesmo assunto:

“Vi no espaço mediático referências  a intenções do governo que não estiveram presentes nessa entrevista [à TVI]. Daí se concluiu que o governo estaria na disposição de criar co-pagamentos no ensino obrigatório, mas posso dizer, em primeiro lugar, eu  nunca fiz qualquer referência a essa matéria nem isso faz qualquer sentido, aliás o senhor ministro da Educação esclareceu isso muitíssimo  bem. Não é possível em termos de  ensino obrigatório criar taxas dessa natureza. No entanto, é sabido que no ensino secundário e no ensino superior há uma taxa de esforço financeiro direto que aqueles que estão a frequentar o ensino superior e, até aqui, o ensino secundário, faziam, a par do esforço dos impostos.  Significa isto, portanto, que nós temos, já hoje, sem qualquer outra reforma, um nível de financiamento que as famílias trazem para o sistema educativo que é diferente daquele que têm na área da saúde. Foi só isso que eu quis dizer, e não mais do que isso (…)”.

Nas declarações proferidas hoje, o primeiro-ministro embrulha-se em explicações confusas e repetitivas para corrigir as suas próprias declarações.

Mais do que um problema de comunicação (como  reconheceu na entrevista à TVI), Passos Coelho tem dificuldade em produzir e verbalizar um raciocínio ou uma reflexão, pelo que as respostas saem-lhe confusas ou mesmo disparatadas e veiculadas por enunciados linguísticos de fraca qualidade. 

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9 respostas a As dificuldades linguísticas do primeiro-ministro

  1. Pingback: Passos cada vez mais passadista e pessimista | VAI E VEM

  2. Ignorante, impreparado… sim, tudo isso. Mas acima de tudo uma grande falta de caráter!

  3. Pingback: O primeiro-ministro vai esclarecer a questão: teme-se o pior | VAI E VEM

  4. rocha diz:

    O homem vem demonstrando claramente que, além de ignorante em alto grau, é um individuo que sofre de distúrbios do foro psíquico. Tem-se mostrado um mentiroso compulsivo com evidentes sinais de padecer Mitomania. Este homem é,um homem, muito perigoso, e só ficarei descansado quando o vir apeado do poder e internado. Estou aterrado, cada dia que passa com este imbecil no poder é, para mim, uma eternidade!!!

  5. S. Bagonha diz:

    ” …tem dificuldade em produzir e verbalizar um raciocínio”.
    Desculpem-me se acharem a pergunta inconveniente mas, “ele” raciocina?

  6. Vicente Silva diz:

    Para àlém do amadorismo e impreparação,tudo leva a crer que P.Coelho sofra de amnésia congénita.

  7. Concordo, Fernando, chega a ser inacreditável o amadorismo e a impreparação…

  8. Fernando de Sousa diz:

    Estrela, esse sempre foi o problema deste primeiro-ministro. Como tu, ja passamos por muitos chefes de governo, mas este foi o que conseguiou desbaratar mais apoios populares – numa situaçao em que cada um é crucial – e tem-se multiplicado em “faux-pas” por falta de uma politica de comunicacao – e de uma politica de austeridade que fosse equilibrada por uma de crescimento.

  9. Dificuldades linguisticas?! Não! Ele é um grande linguista:
    http://exiladonomundo.blogspot.pt/2012/11/o-linguista.html

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