Lê-se e não se acredita: “Governo diz que dados dos salários foram os que o FMI pediu“. Caladinho que nem um rato, o governo deixou que o FMI fizesse as contas que lhe convinham com a “amostra” que lhe convinha…
E, pior ainda, o comunicado do governo afirma que estes dados “são utilizados por instituições como o Banco de Portugal, o INE, e pelas instituições da troika, para fazerem análises sobre o funcionamento e desenvolvimentos do mercado de trabalho.”
Se o governo fornece dados errados ou amostras não representativas não pode “lavar as mãos” e dizer que “as análises e conclusões que são feitas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores.” porque essas análises baseiam-se em dados que ele próprio fornece.
Por seu turno, o FMI também não sai bem desta história. Se tinha conhecimento de que os dados não eram válidos deveria ter corrigido a análise. Porque se calou então?
De qualquer modo, urge que o País seja informado sobre o que realmente se passou, isto é, que dados foram pedidos pelo FMI, quem construíu a amostra fornecida e com que critérios, e que relatórios e decisões foram baseados nesses dados e que rectificação foi ou vai ser feita.
Este caso revela uma enorme incompetência, manipulação e falta de respeito pelos portugueses. Porque, se não se trata de má fé então o Governo deveria ter corrigido imediatamente os dados que forneceu ao FMI sem esperar que fosse um jornal a fazê-lo e a dar conhecimento público desse facto.
Não se compreende também que instituições como o INE e o Banco de Portugal não tenham reagido ao comunicado do governo sobre o alegado uso de dados falsos.
Com tanta incompetência ao mais alto nível como é que o país não há-de estar cada vez pior?
O País continua a estar pior para muitos, mas certamente muito melhor para alguns