Aos poucos o “caso BES” vai surgindo como a caixa de Pandora e um diria se dirá que nunca devia ter sido aberta.
Sabe-se agora de fonte segura, diz o Diário Económico, que o Banco de Portugal avisou a Direcção Geral da Concorrência da União Europeia (DG-COMP), na tarde de 30 de Julho, sobre os prejuízos recorde que o BES iria divulgar nessa noite e que precipitariam a intervenção do Estado.
Quer isto dizer que o BdP, o Governo e a Comissão combinaram entre eles a morte do BES e a ministra das Finanças até informou os deputados da maioria. Mas esqueceram-se de informar a CMVM, ou então não se esqueceram, premeditaram a omissão, o que é muito pior.
No meio de tantos segredos e sempre a pensarem no “interesse dos contribuintes” o Governo e o BdP decidiram-se pela Resolução que, segundo eles, era a solução que melhor protegia os depositantes.
Mas eis que o Público descobriu que há uma quantidade de ministros com poupanças consideráveis no BES que por via da citada Resolução têm as suas poupanças protegidas. Isto é, o Governo procedeu à pressa a alterações ao regime geral das instituições de crédito e sociedades financeiras cuja entrada em vigor “estaria prevista apenas para o início de 2015 (em parte) e 2016 (o mecanismo único de resolução, para os bancos sujeitos à supervisão europeia).
O Público explica a “pressa” do governo em proceder às alterações legais: na legislação comunitária há um valor a partir do qual até os depositantes ficam sujeitos a perdas: 100 mil euros. Na legislação portuguesa aplicada ao BES, todos os depósitos foram salvos, incluindo, portanto, as dos membros do governo superiores a 100 mil euros.
Vem agora o primeiro ministro dizer com displicência que” o governo não sabe “o impacto na economia” da falência do BES mas que “Bom não é”. Ah não? Mas não dizia que não havia custos para os contribuintes?
E não podia ter avaliado antes o impacto? Para que servem então os auditores e os consultores?
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