O Menino de Sua Mãe
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto e arrefece.Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.Fernando Pessoa, in ‘Antologia Poética’
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Pobres mães ,pobres crianças .Tantas esperanças ,tantos ideais perdidos……….
É com profunda tristesa e choque…
Que anjinho pobre criança perdeu a vida assim descansa em paz meu amor
Esta foto não trás nada de novo em termos factuais. Já todos sabemos o drama do mediterrâneo. Mas como aqui no Ocidente o que está longe da vista está longe do coração parece-me obrigatório mostra-la para que muitos pensem nas crianças desta idade que conhecem e a coloquem ali, na areia daquela praia. Sozinha e sem vida.
😦
Estou devassado com tanta miséria……..
Com esta foto o Poema toma outra dimensão.
Reblogged this on ergo res sunt and commented:
Triste retrocesso civilizacional, este a que assistimos
Da Estrela Serrano no Blog Vai e Vém