A preocupação de alguns jornais e jornalistas pelo facto de terem sido divulgados nomes de banqueiros e gestores que foram objecto de escuta no processo “Monte Branco” (um escândalo de fraude fiscal e de branqueamento de capitais, ao que dizem, um novo “Furacão” ou um novo “BPN”), não deixa de ser um dado interessante.
“Pode comprometer a investigação”, escreve o SOL na capa da última edição.
Mas então os casos de escutas a políticos não merecem a mesma preocupação?
“Não publicar nomes na fase de investigação”….”investigar mas sem difamar“, diz o DN sobre o mesmo caso:
Pois…..mas só quando envolve banqueiros e gestores?
As fugas de informação são, em Portugal, uma coisa banal e estão cada vez mais refinadas. Se envolveram políticos, venham elas… que são sempre para publicar esteja o processo em que fase estiver. Mas se forem banqueiros e homens de negócios alto aí que a investigação fica em perigo!
Agora até o insuspeito Tribunal de Contas faz as suas fugas…. Primeiro, foi a fuga do relatório do TC às parcerias público-privadas, a que “a TVI teve acesso”, antes de essa auditoria chegar aos interessados. Depois veio a “contra-fuga” da declaração de voto de um dos juízes a arrasar a auditoria, que foi parar ao cacifo de um deputado! Bem pode o Tribunal de Contas fazer comunicados a dizer que não se deixa instrumentalizar porque há sempre quem se encarrega de o fazer…desde que, naturalmente, seja para tramar os políticos.
A orgia de relatos em que o país mergulhou desde que o processo do ex-espião ficou disponível para consulta, remeteu para debaixo do tapete o “Monte Branco”….
O respeitinho pelos homens do dinheiro ainda fala mais alto para muito jornalismo…
Actualizado
Recebi de André Macedo, director do “Dinheiro Vivo” (DN), autor das duas peças reproduzidas acima, o seguinte comentário:
“O que escrevi sobre a escuta a Ricardo Salgado vale para si, para mim, para todos.
Tenho visto tanto abuso e tanta manipulação das escutas que me aflige que não compreenda a minha prudência e a confunda com subserviência — ou pior.
Se alguém é escutado e não são descobertos quaisquer indícios, de que serve dizer (publicar) que essa pessoa foi escutada, a não ser tentar diminuí-la, rebaixá-la?
Estrela Serrano escutada no caso das carteiras desviadas.
André Macedo escutado no caso dos quadros falsos.
Parece-me claro o exemplo.
E parece-me evidente a conduta: não se publicam nomes e escutas de pessoas que foram investigadas e resultaram inocentes.
E mesmo com as outras é fundamental ter o máximo cuidado.
Seja ele Ricardo Salgado ou o Zé Manel ou a seja quem for.
É só isto.
Se tiver dúvidas veja o comentário da sra sua “amiga” e tire as suas conclusões para ver como é fácil julgar.
Ninguém deve servir de carne para canhão.
Não é essa a justiça em que acredito e que defendo.”
Pingback: O banqueiro que forçou o resgate sai de cena | VAI E VEM