Há “notícias” que chamam a atenção para o que o jornalismo não deve ser. São as “notícias” em que o sensacionalismo, o voyeurismo e a exploração de sentimentos se sobrepõem à responsabilidade social do jornalista. É quando um jornalista não respeita a intimidade de alguém que num momento de dor e desespero exprime esse sofrimento de maneira incontrolável.
É o caso desta “notícia”, em particular o título. Isto não é jornalismo. Jornalismo pressupõe responsabilidade, seriedade, não cedência ao apelo fácil da emoção apesar de possíveis benefícios comerciais.
Um pai que chora um filho após a sua morte trágica, ainda que o faça perante olhares estranhos e em público, deve ser respeitado na sua dor. Um jornalista que presencia a manifestação pública dessa dor, tem o dever de respeitá-la e procurar a notícia onde ela efectivamente estiver. E ela não está nas lágrimas e gritos deste Pai, exposto na fragilidade do ser humano num momento limite. Ainda que esse Pai seja o presidente de uma Assembleia Municipal. Nem que fosse o Presidente da República.