O congresso do CDS ajudou a perceber que a coligação tem uma estratégia para reescrever a história dos últimos 3 anos em Portugal. A narrativa é simples e foi enunciada por Portas no final do seu discurso de encerramento do Congresso: as próximas eleições serão “a escolha entre votar em quem “trabalhou para acabar com o resgate e quem lançou Portugal no resgate”.
Aliás, nas declarações dos dirigentes dos dois partidos a cassete repete-se e mantém-se: o PSD e o CDS não têm nada a ver com o pedido de resgate, não foram eles que negociaram com a troika. Eles são, sim, os “libertadores” que irão restituir ao País a sua soberania.
Acontece, porém, que as notícias estão aí para nos recordarem quem se recusou a “governar com o FMI” e quem, ao contrário, fez tudo para que a troika fosse chamada.
No discurso actual dos dirigentes do PSD e do CDS a participação dos dois partidos nas negociações do chamado “programa de resgate” nunca existiu. Os membros do CDS que negociaram com a troika – Assunção Cristas, Miguel Morais Leitão, Pedro Mota Soares, Paulo Núncio e Luís Queiró – e os do PSD – Eduardo Catrogra, Abel Mateus e Carlos Moedas – eram apenas fantasmas ou sósias dos verdadeiros. As reuniões da troika no Largo do Caldas e na Buenos Aires foram criadas por cenógrafos e nunca tiveram lugar.
Segue-se agora o congresso do PSD. Como Passos Coelho disse aos jornalistas, a propósito da referência de Portas a uma candidatura conjunta às eleições europeias, a referência de Portas à estratégia para as próximas eleições foi combinada entre os dois líderes. Teremos, pois, Passos a repetir Portas no próximo congresso do seu partido: nada tem a ver com o pedido de resgate mas foi ele que “salvou” o País.
É o que se chama uma mistificação da História ou a história de uma mistificação.
Que a política não seja uma fonte de virtudes e matéria para constar num catecismo de uma qualquer religião,todos estaremos de acordo;mas chegar ao nível do esgoto para onde Passos & Portas estão a conduzi-la,é inaceitável.
Ainda ouviremos dentro em breve, a qualquer deles ou a ambos, que não têm mãe e nasceram de geração espontânea.
Falta incluir na mistificação da História o papel de relevo do
Pilatos de Belém que, tudo tem permitido a este des-governo
useiro e vezeiro no pisar a Constituição … onde estão as tão
faladas reformas? Tudo não passa de um “ajustamento” con-
juntural, à custa dos funcionários públicos e dos reformados!!!
Falta de vergonha não falta a estes pelintras. E, ainda há quem os considere.