Sócrates não sai de cena

Ao proibir José Sócrates de dar a entrevista pedida pelo Expresso, a justiça deu um novo tiro no pé.  Quer calar Sócrates mas não o tira de cena.

Para um cidadão comum, não jurista, a proibição é absurda e irracional. Pois se Sócrates pode responder a perguntas dos jornais, como foi o caso das chamadas “cartas” que mais não são do que respostas a perguntas do Público, da TSF, e do Diário de Notícias, não se percebe porque razão não pode responder a perguntas do Expresso, em forma de entrevista.

Ao recusar que Sócrates fale com um jornalista – aí reside a diferença entre as ditas “cartas” e uma entrevista – o juiz e o procurador que a proibiram estão a impedir não que Sócrates fale mas que um jornalista lhe faça perguntas.

Ora, parecendo pormenor irrelevante, não o é e faz mesmo toda a diferença. É que uma entrevista pressupõe diálogo e contraditório entre entrevistador e entrevistado. Sócrates seria confrontado com os elementos que têm vindo a público e.naturalmente, seria “obrigado” pelo entrevistador a esclarecê-los ou pelo menos a dar sobre eles a sua versão.

Acresce que a credibilidade conferida a uma entrevista jornalística  e ao seu conteúdo, precisamente pelo contraditório exercido pelo jornalista, é muito maior do que quaisquer declarações de Sócrates aos jornais, nas quais, naturalmente, ele expõe as suas posições.

Ao proibir Sócrates de ser confrontado com perguntas de um jornalista em formato de entrevista, ao mesmo tempo que autoriza declarações suas, a justiça mostra que receia que os argumentos de Sócrates sema conhecidos do público.

É uma fraqueza de quem detém e dirige o processo ao mesmo tempo que alimenta a vitimização de Sócrates. De facto, se uma entrevista perturba a investigação, é porque a matéria é fraca  ou fracos são os investigadores.

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2 respostas a Sócrates não sai de cena

  1. Mario Bertolo diz:

    Já chega de fantochada com o caso Sócrates. Ele já foi julgado pelo povo nas eleições de 2011.

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