Não há nada como conhecer os “bastidores” dos grandes momentos e dos grandes actores. Quando se penetra nessa zona atrás do “palco”, onde os “artistas” surgem ao natural e as palavras se soltam antes de o “pano” subir, ficam a saber-se coisas interessantes.
Este sábado, o Expresso penetrou nos “bastidores” do orçamento e dá a conhecer episódios e actores.
Leia-se o parágrafo seguinte desse relato. O protagonista é “um governante” que se “confessou” ao Expresso. Não sabemos o seu nome nem a pasta que lhe está distribuída mas, pelo menos, sabemos o teor da sua “confissão” e que outros governantes tiveram a mesma ideia.
“A função pública não é a base eleitoral deste governo”.
Havia até agora a ideia de que mesmo em eleições muito renhidas e duras, uma vez eleito o partido (ou partidos) ganhadores formavam um governo para todos os portugueses. Tem sido assim em eleições presidenciais e legislativas desde que Mário Soares, em 1986, ganhando à tangente e à segunda volta a Freitas do Amaral inaugurou o slogan “Presidente de todos os Portugueses”, baseado no princípio de que as maiorias eleitorais se desfazem no momento da eleição.
A “confissão” feita este sábado ao Expresso por um governante”, de que “a função pública não é a base eleitoral deste governo”, embora “nunca” tenha sido apresentada “em Conselho de Ministros”, é no mínimo uma infeliz coincidência com o facto de os funcionários públicos serem os mais atingidos pelas duríssimas medidas deste orçamento.
E quando se lê que o “argumento” passou também “pela cabeça de alguns governantes” fica-se perplexo e a pensar na probabilidade de os funcionários públicos serem alvo de distinção negativa por a “função pública” não ser “a base eleitoral” do governo. Por outras palavras, a crer na “confissão” do governante, a “maioria eleitoral” não se desfez no dia 5 de Junho de 2010.
De facto, não há nada como conhecer os bastidores…