Ao menos, não se gabem

Estes governantes que vêm para os jornais “congratular-se” com a “racionalização de pessoal”, eufemismo de despedimentos, podiam ao menos ter um pouco de pudor e pensar que o “êxito” de que se gabam representa sofrimento e pobreza para muitos portugueses. 

Aqueles que, a propósito da declaração de inconstitucionalidade do corte dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos, vieram dizer que o emprego público é estável e o privado não, com isso defendendo que os funcionários públicos são favorecidos face aos trabalhadores do sector privado, deviam olhar para isto: “A Direcção-geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) divulgou quinta-feira que o número de funcionários públicos no final de Junho era de 605.212, menos 5.269 do que no final de Março e menos 8.640 que no fim de Dezembro de 2011.” 

A troika acha que há funcionários públicos a mais – aliás acha que há trabalhadores a mais nas empresas e que é preciso despedir para “racionalizar”. O famigerado memorando assim o impõe. Mas ao menos que os governantes não se gabem!

Seria útil que os jornais seguissem  o rasto destas notícias e revelassem o que acontece com as pessoas objecto da “racionalização”. Mas o que acontece é precisamente o contrário, isto é, nos media  funciona o estereótipo de que o emprego público é “job for the boys” e de que os funcionários públicos são uns privilegiados.

 

 

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