As notícias sobre a detecção de objectos por um satélite chinês, como podendo ser destroços do avião da Malaysia Airlines desaparecido há mais de duas semanas, foram anunciadas como representando uma esperança.
Pode perceber-se a intenção de quem não encontrou outra palavra para anunciar a descoberta, mas para as famílias dos passageiros e tripulantes daquele voo, esses destroços podem ser, isso sim, o fim da esperança de que os seus familiares ou amigos possam ter sobrevivido.
O absurdo da comunicação oficial sobre este infeliz acontecimento chega a ser anedótico se não fosse trágico. Não são apenas as notícias contraditórias sobre a relevância dos sinais detectados, como a incapacidade de perceber o desespero de quem espera e desespera sem saber o que aconteceu aos seus familiares ou amigos.
Ao falarem de “esperança” no momento em que julgam ter encontrado uma pista que confirmará a tragédia, as autoridades oficiais da China ou da Malásia estão antes de mais a falar para si próprias, para os média e as opiniões públicas mundiais. Para estes, os destroços são a “esperança” do sucesso das buscas para localizarem o avião desaparecido. Mas para as famílias dos desaparecidos, a “esperança” das autoridades é a sentença de morte dos seus entes queridos.
Daí que talvez fosse possível encontrar, para a situação, palavra mais adequada do que “esperança”, sobretudo quando o único contexto em que, para as famílias dos desaparecidos, a “esperança” que pode fazer sentido será não serem encontrados quaisquer destroços do avião mas sim encontrar o próprio avião e os seus 239 passageiros.
Não deixa de ser uma situação delicada e tem que se desculpar as manifestações das familias a responsabilizarem a companhia/autoridades por não haver noticias, quando na verdade não há noticias. Semelhante aos jovens do Meco que MRSousa resumiu muito cautelosamente que no fimvai haver uma frustação enorme,por o resultado da exigida justiça ser nulo.