A campanha de intoxicação dura há 24 horas

Há cerca de 24 horas que o País está sob uma campanha de intoxicação da opinião pública como há muito não se via. Passos Coelho e Vítor Gaspar tentam impôr a sua visão antidemocrática de que a Assembleia da República não passa de um conjunto de marionetes a quem cabe pura e simplesmente apoiar o orçamento que o governo lhe apresenta sem veleidades de o alterar, como já tinha feito com o Tribunal Constitucional quando este se atreveu a contrariá-lo.

A enorme chantagem sobre o CDS e sobre os cidadãos passada para os jornais, de que Passos ou Gaspar ameaçaram demitir-se se o CDS quiser alterar o orçamento é inaceitável e não se compreende porque razão Paulo Portas colabora em semelhante fantochada. Até o ministro Álvaro veio hoje chamar aos juros da dívida “mega ministério da dívida”, uma das poucas coisas certas que deve ter dito desde que é ministro.

O PSD parece conformado com a infinita sabedoria de Gaspar e está cheio de medo que o ministro deixe Passos Coelho desamparado, já que sabe bem o que ele vale. Já fala num “segundo resgate” se Gaspar sair do Governo, numa involuntária confissão de incompetência e subserviência em relação ao “muito educado” Gaspar.

Gaspar não acertou uma única previsão mas é muito competente, dizem. O que seria se não fosse! Teve  o descaramento de ignorar e desvalorizar o comentário do Presidente da República no Facebook sobre as declarações da presidente do FMI, dizendo que não teve tempo para as “estudar” e, mais estranho ainda, o Presidente “amochou” e não voltou ao assunto, como  um menino apanhado em falta.

O consultor António Borges e o banqueiro Ulrich (este na RTP1) vieram hoje em defesa de Gaspar. Outros, como Marcelo e Mendes, depois de terem dito cobras e lagartos do orçamento, dizem agora que o mais importante é manter a coligação.

Mas manter a coligação para quê? Todos os economistas, ex-ministros das Finanças, universitários e gente que conta na área da economia e finanças, afirmam que o orçamento é  brutal e inexequível e dizem à boca cheia o que antes não se atreviam sequer a pensar: é necessário renegociar as condições, pedir mais tempo e conseguir juros mais baixos. Espanha está a ter o seu PEC sem a entrada da troika, escapando entre os pingos da chuva…

António José Seguro apontou um caminho certo ao afirmar que  “Portugal precisa de mais tempo e de taxas de juro mais baixas” mas ninguém o ouve (nem ele pretende chegar-se à frente para alguma concertação), nem o Presidente se decide a agir junto dos parceiros europeus,  já que o primeiro-ministro não quer ou não consegue ser o interlocutor de que o país necessita.

O medo que agora assola os comentadores do sistema, os banqueiros e os grandes empresários é que Portas quebre a coligação e Passos bata com a porta arrastando Gaspar. Deve ser por isso que o Presidente está tão calado. Não encontra talvez um  Monti. Mas não precisamos disso mas sim que o PSD, partido que ganhou as eleições, apresente um governo “decente” com gente que conheça o País, que tenha feito alguma coisa na vida,  que seja capaz de fazer pontes com os partidos, os parceiros e a sociedade, sem autómatos que se julgam iluminados, como Gaspar, ou chico-espertos como Relvas, ou zés-nabos como Álvaro,  ou regateiras como Teixeira da Cruz…ou…ou…

Parem é de nos intoxicar  e tentar amedrontar com  uma queda da coligação! Por amor de Deus, há mais vida para além desta coligação…

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4 respostas a A campanha de intoxicação dura há 24 horas

  1. pauloferreira2001 diz:

    O que tresanda, de parte a parte, é medo. Acima de tudo, medo de perder as “capelinhas” que cada um tem. E colocam tudo isso acima do interesse nacional, prejudicando todo um país. E pena é que, não sendo esta uma situação virgem por parte de PSD e CDS, a memória do povo seja curta, não sendo habitual durar nem sequer 4 anos… Por essa razão, eles nem se preocupam muito, porque o povo esquece.

  2. jose neves diz:

    Porventura, já alguém pensou que as posições de calados e retirados de PP e Cavaco podem dever-se a uma questão de medo.
    Sabe-se como o “cm” atacou o caso dos submarinos logo que PP começou a tergiversar sobre o OE e sabe-se como anos a fio se conspirou por insinuações contra Sócrates.
    Os homens de Relvas e muita outra gente do mesmo calibre tem, provavelmente, gavetas cheias de “assuntos” incómodos para colocar nos “cm” da nosa imprensa: submarinos, portucale, moderna e, certamente e especialmente, o BPN com todas as ligações e ramificações. E aqui, neste caso de larga rede podem ser apanhados peças de de caça grossa.
    O cuidado é muito.

  3. Rui Roque diz:

    O meu maior medo é que tudo continue como está, aliás esta paz podre só interessa a quem lá está e quer continuar…

  4. Pode ser ingenuidade minha, mas não estou nada amedrontado com a hipótese de Paulo Portas bater com a porta. Pelo contrário, acho que, perante os sucessivos enxovalhos, já tarda em tomar essa decisão

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