Passos Coelho, um politico obcecado pelo poder

Passos discursa orçamento 2016A atitude de Passos Coelho durante o debate do orçamento de Estado foi, a todos os títulos, confrangedora. Quem acompanhou o debate pela televisão viu um político sempre com ar carrancudo, como se ouvir o primeiro-ministro fosse para ele uma tortura e debater o orçamento algo que não lhe dizia respeito nem ao seu partido. Ouvindo-o depois discursar no encerramento do debate percebeu-se melhor o seu estado de espírito perante o actual momento político do país e a sua noção do que é a democracia.

A frase mais reveladora desse discurso de Passos Coelho, é a seguinte, dirigida a António Costa:

“Julga que acusando, insinuando, denegrindo o seu antecessor, resolve o seu problema de poder ser visto como quem usurpa o que não conseguiu conquistar por direito próprio e de poder afinal ter ficado apenas com uma réplica da verdadeira fonte de autoridade que precisa de destruir e aniquilar para que a falsificação não seja notada”.

No mais íntimo do seu ser, Passos vê-se ainda como primeiro-ministro e também por isso usa na lapela, qual amuleto, a bandeirinha nacional que mandou fazer  quando era primeiro-ministro. Na sua cabeça ainda não entrou o facto de o seu governo ter sido chumbado no Parlamento pela maioria dos deputados democraticamente eleitos. Quando afirma que António Costa lhe “usurpou” o poder e que esse poder não foi conquistado “por direito próprio”, Passos Coelho está a negar ao Parlamento a função que a Constituição lhe atribui de aprovar ou rejeitar o programa do governo. Passos nega, pois, o nosso regime constitucional, ao considerar que a única “fonte de autoridade” do governo emana de eleições. Queria ser primeiro-ministro mesmo depois de o seu programa de governo ter sido rejeitado pelo Parlamento.

O discurso de Passos Coelho é ainda revelador de uma mentalidade mesquinha e antidemocrática quando afirma que o debate político e as diferentes opções do governo de António Costa, e as críticas ao anterior governo, são uma forma de “aniquilar” e “destruir” a (para ele, única e verdadeira) “fonte de autoridade”, isto é, a dele próprio que, nas suas palavras, Costa “falsificou”.

O discurso de Passos Coelho é o de um político obcecado com o poder, que não aceita a realidade. Por isso, não quer discutir o orçamento, nem apresentar propostas de alteração. Não lhe interessa o País nem os portugueses. Interessa-lhe apenas alimentar o rancor contra os “usurpadores” de um poder que ele pensa ser  seu e só seu.

Mas o debate do orçamento trouxe novamente à superfície o preconceito da direita contra os partidos à esquerda do PS. A maneira displicente e arrogante como se referem a estes partidos e às suas propostas são reveladoras de uma mentalidade anti-democrática, como se tudo o que venha deles e seja aceite pelo PS não fosse tão natural como o PSD ter aceite propostas do CDS e vice-versa, quando ambos estavam coligados.

O “drama” artificial criado pela direita, com apoio de alguns jornalistas, quanto às chamadas “cedências” do governo a propostas do BE e do PCP é mais um sinal do muito que ainda falta para que em Portugal tenhamos uma verdadeira democracia.

(artigo publicado hoje no Acção Socialista Digital)

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14 respostas a Passos Coelho, um politico obcecado pelo poder

  1. Obrigada, carlosalvares, 🙂

  2. carlosalvares diz:

    NOTA) Só após ter escrito este email, li o excelente (como é habitual) trabalho que fez sobre MLA. Peço que não leve a mal por, mesmo assim, enviar o que sobre o mesmo assunto escrevi., Julgo até que, embora sem o valor dos seus comentários, alguns dos que faço, se encaixem neles.

  3. Jaime Santos diz:

    Discordo de si num ponto. A autoridade do Governo de António Costa naturalmente que emana das eleições. O problema é que a Direita ainda não aceitou o facto de que vivemos num Sistema Parlamentar de Representação Proporcional, em que quem chega primeiro não apanha tudo, e não num Sistema Presidencial ou Parlamentar Maioritário (presidencialismo de Primeiro-Ministro, à Salazar). Passos aliás comportou-se enquanto PM como um Ditador Romano dotado de poderes especiais, capaz de suspender a CRP, como aconteceu. O contraste com o Costa não podia ser mais patente, porque este aceita que o centro do Poder está na AR. Como os Países melhor governados são Países com sistemas de Governo colegiais e suportados mas também verdadeiramente fiscalizados pelo Parlamento, o resultado das eleições de 4 de Outubro e a construção da ‘Geringonça’ representam uma verdadeira evolução para melhor na forma de fazer política em Portugal…

  4. vasco tocha antao diz:

    tantas coisas foram ditas por esta agencia ligada a geringonca nada foi dito na realidade dos dias de hoje…PASSOS COELHO FOI O PRIMEIRO MINISTRO QUE MELHOR GOVERNOU PORTUGAL NOS ULTIMOS ANOS.vamos assim Portugal estava na bancarrota deixado por Jose Socrates .Passos coelho governou o Pais de 2011 a 2015…deixou o Pais com os cofres cheios .com uma retoma a todos os niveis desde a economia ao emprego e em particular a confianca dos portugueses e das empresas tudo isto com a obstrucao de todos os que se dizem trabalhadores OS FUNCIONARIOS PUBLICOS este senhor primeiro ministro usurpou o poder benificia de toda a retoma do Passos Coelho e ainda diz que esta obscado pelo poder Digam antes senhores da agencia da geringonca que apenas foram para o poder para dar emprego a politicos e seus familiares

  5. carlosalvares diz:

    No dia 25 de fevereiro de 2016 às 23:42, Carlos Alvares escreveu:

    > E S P A Ç O DO P A R A S I T A ————— PASSOS COELHO O > INCONFONFORMADO > Carlos Alvares > 23:41 (há 23 horas) > para Raul, António, Evaristo, Estrela, Luis, Manuel, partidosociali., > Partebilhas > O ex-primeiro ministro, tem tido um percurso ascedente na vida, admito, > justificado pelas qualidades que possue. Porém, por vezes, o desejo de > promoção pessoal, leva a atitudes pouco consentaneas com todo o prestígio > já adquirido. Na abstenção recomendada por Passos Coelho ao orçamento de > 2016, apresentado pela coligação que classificaram de “geringonça” > notava-se a sua decepção, a raiva, o desejo de retaliar. > > Em 2008, ganhou a liderança do PSD. Tendo-lhe sido chamada a atenção para > a existência de uma dívida sua às Finanças, justificou-a com o > esquecimento. Por não ficar bem a um dirigente do PSD demorar tantos anos a > resolve-la, liquidou-a. O mesmo comportamento teve com a Segurança Social. > Desta vez a explicação foi que desconhecia a existência da divida. > Tratamento de favor, fez ser aceite tal esclarecimento. > > Em 2011, após recusa do PEC-IV proposto por José Sócrates, já num governo > de transição, por iniciativa de Passos Coelh o, concordância do Senhor > Presidente da República e de Carlos Costa, director do Banco de Portugal, > surfiu a Troika. O que significou passar para o controle de privados, > marcas e empresas emblemáticas como: EDP, REN, CTT, Fidelidade, ANA e TAP, > Empresa Geral de Fomento, BPN, HPP e ainda 1% da Galp e da área de saúde da > Caixa. A gestão das empresas de transportes públicos de Lisboa e Porto, > Oceanário, TAP ,CP Carga. Os subsídios de férias e de Natal dos servidores > públicos e dos pensionistas, em 2012 e 2013, foram eliminados. As promoções > e progressões na carreira, foram suspensas. Impos-se cortes de salários > (entre 5 e 10 por cento), apenas para a função pública. Aumentou-se meia > hora de trabalho diário para o sector privado. Assistiu-se a brutal aumento > da carga fiscal, sobre consumidores e assalariados, ampliando o fosso de > rendimentos entre capital e trabalho e as desigualdades sociais. A dupla > que formava o governo, PSD/CDS, tornou-se campeã na transferência do > controlo do Estado para os privados. Imposição da Troika, argumentaram. > Também, as severas medidas de austeridade, superiores, até, às > recomendações da Troika, levadas a cabo ao longo de 4 anos, foram um > desastre. Apesar desta governação, a 4 de Outubro, Passos Coelho concorreu > e, ajudado pela abstenção, ganhou direito a segundo mandato. Inesperada > aliança entre PS e partidos de esquerda, obrigou a perde-lo. > > Inconformado, considerando ter sido fraudulentamente derrotado por uma > “geringonça” (nome dado pelo seu parceiro de coligação Paulo Portas à > ligação do PS com os partidos de esquerda), resolveu recandidatar-se com a > sua própria “geringonça” PSD/CDS, Não resultou. Os efeitos nefastos dos > seus quatro anos de “reinado”, ainda estão bem presentes. Mas não desiste. > Já anda em campanha a ver se consegue voltar a ser Primeiro Ministro. A > dizer que tem agora condições para fazer o que prometeu e não fez, nos seus > quatro anos de mandato. Certamente > esperançado numa possível falta de memória do eleitorado. > n > Carlos Patrício Álvares (Chaubet) > > No dia 24 de fevereiro de 2016 às 20:44, VAI E VEM comment-reply@wordpress.com> escreveu: > >> estrelaserrano@gmail.com posted: “A atitude de Passos Coelho durante o >> debate do orçamento de Estado foi, a todos os títulos, confrangedora. Quem >> acompanhou o debate pela televisão viu um político sempre com ar >> carrancudo, como se ouvir o primeiro-ministro fosse para ele uma tortura e >> deb” >>

  6. carlosalvares diz:

    E S P A Ç O DO P A R A S I T A ————— PASSOS COELHO O INCONFONFORMADO Carlos Alvares 23:41 (há 23 horas) para Raul, António, Evaristo, Estrela, Luis, Manuel, partidosociali., Partebilhas O ex-primeiro ministro, tem tido um percurso ascedente na vida, admito, justificado pelas qualidades que possue. Porém, por vezes, o desejo de promoção pessoal, leva a atitudes pouco consentaneas com todo o prestígio já adquirido. Na abstenção recomendada por Passos Coelho ao orçamento de 2016, apresentado pela coligação que classificaram de “geringonça” notava-se a sua decepção, a raiva, o desejo de retaliar.

    Em 2008, ganhou a liderança do PSD. Tendo-lhe sido chamada a atenção para a existência de uma dívida sua às Finanças, justificou-a com o esquecimento. Por não ficar bem a um dirigente do PSD demorar tantos anos a resolve-la, liquidou-a. O mesmo comportamento teve com a Segurança Social. Desta vez a explicação foi que desconhecia a existência da divida. Tratamento de favor, fez ser aceite tal esclarecimento.

    Em 2011, após recusa do PEC-IV proposto por José Sócrates, já num governo de transição, por iniciativa de Passos Coelh o, concordância do Senhor Presidente da República e de Carlos Costa, director do Banco de Portugal, surfiu a Troika. O que significou passar para o controle de privados, marcas e empresas emblemáticas como: EDP, REN, CTT, Fidelidade, ANA e TAP, Empresa Geral de Fomento, BPN, HPP e ainda 1% da Galp e da área de saúde da Caixa. A gestão das empresas de transportes públicos de Lisboa e Porto, Oceanário, TAP ,CP Carga. Os subsídios de férias e de Natal dos servidores públicos e dos pensionistas, em 2012 e 2013, foram eliminados. As promoções e progressões na carreira, foram suspensas. Impos-se cortes de salários (entre 5 e 10 por cento), apenas para a função pública. Aumentou-se meia hora de trabalho diário para o sector privado. Assistiu-se a brutal aumento da carga fiscal, sobre consumidores e assalariados, ampliando o fosso de rendimentos entre capital e trabalho e as desigualdades sociais. A dupla que formava o governo, PSD/CDS, tornou-se campeã na transferência do controlo do Estado para os privados. Imposição da Troika, argumentaram. Também, as severas medidas de austeridade, superiores, até, às recomendações da Troika, levadas a cabo ao longo de 4 anos, foram um desastre. Apesar desta governação, a 4 de Outubro, Passos Coelho concorreu e, ajudado pela abstenção, ganhou direito a segundo mandato. Inesperada aliança entre PS e partidos de esquerda, obrigou a perde-lo.

    Inconformado, considerando ter sido fraudulentamente derrotado por uma “geringonça” (nome dado pelo seu parceiro de coligação Paulo Portas à ligação do PS com os partidos de esquerda), resolveu recandidatar-se com a sua própria “geringonça” PSD/CDS, Não resultou. Os efeitos nefastos dos seus quatro anos de “reinado”, ainda estão bem presentes. Mas não desiste. Já anda em campanha a ver se consegue voltar a ser Primeiro Ministro. A dizer que tem agora condições para fazer o que prometeu e não fez, nos seus quatro anos de mandato. Certamente esperançado numa possível falta de memória do eleitorado. n Carlos Patrício Álvares (Chaubet)

    No dia 24 de fevereiro de 2016 às 20:44, VAI E VEM escreveu:

    > estrelaserrano@gmail.com posted: “A atitude de Passos Coelho durante o > debate do orçamento de Estado foi, a todos os títulos, confrangedora. Quem > acompanhou o debate pela televisão viu um político sempre com ar > carrancudo, como se ouvir o primeiro-ministro fosse para ele uma tortura e > deb” >

  7. Carlos Rocha diz:

    Que pena!….Os autores deste artigo e quem está por detrás desta pseuda agencia, não se assumirem e identificarem como pertencentes à máquina de contra informação do governo/PS… Assim permitem-se ser clasificados como destituidos de carater e envergonhados das mentiras que escrevem….Mas como o ato a que se referem foi público e visto por muitos Portugueses que desmentem o que aqui foi escrito não passam de uns pobres aprendizes de feiticeiro que quriam ser os novos catequizadores do Povo…..Áh!….quando partilharem noticias no “facebook” não cortem a possibilidade de lá se fazerem comentário…

  8. Avelino Ferreira Familiar diz:

    Poucas palavras para qualificar passos coelho. Homem sem carácter, antipatriota,mesquinho e sem sensibilidade social.

  9. Pedro Passos Coelho, pertence àquela classe de gente que: « Se um dia abandonam a ilusão, e deixam de fingir que ainda lá estão, voltam ao nada que são »………

  10. mariamadalena639@gmail.com diz:

    É tempo de fazer o k aconselhou aos jovens deste país – IMIGRE

  11. Cândido Arouca diz:

    O Salazar tb pensava que ainda governava mesmo depois de ter sido substituído no poder!

  12. J. Madeira diz:

    Passos Coelho leu mais um discurso escrito pelo seu “copy-writer” M. Morgado!
    O tal que, segundo Mário Centeno, anda perdido num labirinto e, esse é o estilo
    usado em redor da “usurpação”! O p. ministro no exílio pos-se a jeito para o que
    ouviu do António Costa foi redundante o que disse em Bruxelas pois, de seguida
    o lider da bancada do PPE no Parlamento Europeu desferiu um ataque ao Go-
    verno de Portugal por este ter o apoio do PCP e do BE .. nem é preciso citar o
    pézinhos de garrafão o dr prof Klaustrofobo Rangel que foi mandado calar pelo
    Presidente da Comissão pelas cobras e lagartos que dizia do Governo do seu
    País!

  13. llopes49 diz:

    Estamos na Quaresma,tudo lhe pode (ou não ) ser perdoado.

  14. António Campos diz:

    Passos Coelho não mente: “ele é a mentira!”, e acredita que está a dizer a verdade que é só dele.

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