Narrativas sobre a mentira

O ministro Poiares Maduro saíu  hoje em defesa da ministra das Finanças depois de a Lusa ter divulgado emails trocados entre ela e o ex-director-geral do Tesouro e Finanças que provam que ela foi informada sobre os swaps.

Poiares Maduro defende MLA

 

A ministra continua a dizer que não mentiu embora a sua narrativa vá mudando cada vez que fala sobre o assunto  (primeiro, na pasta da passagem do anterior governo para o actual não havia nada sobre swaps, mas afinal havia uma ficha sobre swaps. A ministra não sabia nada mas afinal sabia mas não o suficiente. Os emails hoje divulgados não estavam na pasta, foram escritos já depois da passagem da pasta. …, enfim, coisas assim).

Como se não bastassem as contradições da ministra sobre o que sabia ou não sabia,  o ministro Poiares Maduro veio baralhar os argumentos para dar de novo: não interessa o que a ministra soube ou não soube e quando soube, o que interessa é que ela está a tentar resolver o problema.  Como  argumento é confrangedor.

Sugiro ao ministro Maduro que escolha um dos seguintes argumentos se quer defender a sua colega Maria Luís: 

– A ministra não mentiu mas fez alguma fuga à verdade, isto é disse uma meia-verdade;

-A ministra disse uma mentira honesta em nome do interesse público;

– A ministra disse uma mentira involuntária sem intenção de enganar ou desviar a atenção dos swaps;

Mas se quiser ser mais rigoroso nos argumentos, o ministro Poiares Maduro terá de dizer:

A ministra disse uma grande mentira, isto é, mentiu deliberada e consistentemente em sua própria defesa, já que devia ter actuado mais cedo uma vez que foi alertada. Manteve a mentira porque lhe disseram que não podia voltar com a palavra atrás. 

Como não vai dizer nada disto o ministro Poiares Maduro ganhava em estar calado (sobre os swaps, claro).

 

 

 

 

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9 respostas a Narrativas sobre a mentira

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  5. lidia drummond diz:

    Oh querido amigo, comparar o pequenote, feiote com voz de cana rachada, ainda por cima dislexico a um galã de cinema. só deve ser dos seus olhos bondosos. Mal o vi chegar muito pquenino, despenteado e com una pelos mal distribuidos pela cara, com uma mini gabardine branca, ( Cantinflas mi gabardine ) lembrei-me quando a minha Mãe me obrigava a ir com ela ao cinema ver o Cantinflas. Segiro-lhe que vá ao You-tube ver os filmes especialmente o ultimo que descobri Cantinflas o pobre. Delicie-se e ria com o Cantinflas que de momentp ainda não paga taxa- Muitos filmes já estão bloqueados, mas um dos melhores discursoa que ouvi – Cantinflas su Excelencia Discurso directo – é imperdível. Alí há de tudo: o Cavaco. o Portas, o Alforreca. outro baixinho Moreira da Silva inchado como um peru apesar do seu metro e meio. o Pires de Lima enfim uma canga.

  6. Carlos Serra diz:

    A ministra das Finanças diz-se disponível para voltar ao Parlamento, mas só depois das férias.

    Será que a falta de vergonha – dela e do alegado primeiro-ministro – é tanta que, depois de mentir aos deputados (o que julgo ser crime), ainda se manterá ministra daqui a dois meses?

  7. lidia drummond diz:

    MADURO A REINCARNAÇÃO DE CANTINFLAS. VOU MANDAR-LHE UM MAIL QUE ENVIEI AO MADURO. ESPERO QUE SE DIVIRTA TANTO COMO EU AO VER O VÍDEO DO CANTINFLAS.

  8. JOSÉ GONÇALVES diz:

    só mesmo um mentiroso compulsivo, mente tanto e com tanta certeza ,que chega a acreditar nas suas próprias mentiras

  9. jose neves diz:

    Ouvivi as declarações de Maduro. Este veio em bicos de pé e canudo académico ao alto, como no mito de Camões quando salvou os Lusíadas da água, entoando conversa doce açucarada de consenso, consenso, consenso, a ver se pegava de estaca para deslumbramento dos pacóvios dos barrocais.
    As declarações agora feitas, a propósito do caso dos swaps e mla, revelam que o homem académico, estilo galã de cinema, não só se extinguiu como já deu lugar ao linguajar tal qual o pior do meneses-bébé-com-calças-do-pai ou o adiposo amorim, ou o ferocíssimo campos ferreira. Isto é, como aqueles deputados-taxistas que à falta de argumentos jogam logo mão da ideia fixada: “deixem-nos trabalhar, afinal estamos a concertar as bancarrotas e outras desgraças que o governo anterior nos deixou, blá,blá,blá e etc,etc,etc.”.
    Afinal o maduro antes de ser já era.

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